Folha de S.Paulo

Juízes de imigração criticam política do governo Trump

Presidente priorizou áreas de fronteira, mas país tem 632 mil casos pendentes

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Estamos praticamen­te decidindo casos de pena de morte, diz Dana Marks, presidente da associação de juízes

“Nosso trabalho é permitir que isso não aconteça, mas somos seres humanos.”

A situação é ainda mais complicada diante da gravidade do tema.

“Nós estamos praticamen­te decidindo casos de pena de morte em condições semelhante­s às de tribunais que decidem sobre multas de trânsito”, alerta a juíza. “Nos casos que pegamos, muitas pessoas afirmam que, se voltarem para seus países, vão enfrentar perseguiçõ­es ou ameaças de morte.”

No ano fiscal de 2017, 101.726 pessoas foram condenadas à deportação nos tribunais de imigração, aumento de 27% em relação a 2016.

Marks também afirma que há mais de dez anos a associação contesta a diferença do peso dado no orçamento para os tribunais e para o Serviço de Fiscalizaç­ão de Imigração e Alfândega (ICE, em inglês), responsáve­l pelas detenções.

Neste ano, contudo, o aumento do orçamento para o ICE (27%) ainda será superior ao previsto para os tribunais de imigração (17%). Em 2018, o orçamento para o Escritório Executivo para Revisão de Imigração (EOIR), do Departamen­to de Justiça, responsáve­l pelos tribunais de imigração, receberá US$ 500 milhões, enquanto o ICE terá orçamento de US$ 7,9 bilhões.

“A prioridade tem sido financiar os agentes nas ruas, sem reconhecer que é preciso recursos para os tribunais manterem o maior número de casos que, obviamente, vai chegar até nós.”

As eleições legislativ­as da Áustria serão marcadas no domingo (15) pelo mesmo movimento que acompanhou os últimos pleitos no resto da Europa: o ultranacio­nalismo de direita.

A sigla populista FPÖ (Partido da Liberdade Austríaco) deve ter a segunda maior bancada do Parlamento, atrás do conservado­r ÖVP (Partido Popular), e pode entrar para o próximo governo.

Não seria a sua primeira vez. O FPÖ fez parte de uma coalizão conservado­ra em 2000, resultando em sanções diplomátic­as da União Europeia e de Israel. Mas o cenário preocupa mais neste ano.

Uma das razões é que uma segunda experiênci­a do FPÖ no governo ajudaria a normalizar esse tipo de movimento radical na Áustria e no restante do continente.

Isso preocupa porque, apesar de o partido insistir em se distanciar de posições vinculadas ao nazismo, ainda existe desconfian­ça.

Seu líder, Heinz-Christian Strache, por exemplo, já disse publicamen­te que o antissemit­ismo é um crime e já visitou um memorial às vítimas do Holocausto em Israel. Mas, por outro lado, foi detido em sua juventude por participar de um protesto de um grupo neonazista ilegal.

Um membro do partido foi recentemen­te suspenso por ter supostamen­te feito um gesto saudando Adolf Hitler durante uma reunião oficial.

Em pesquisa publicada na terça (19) pelo jornal “Österreich”, o FPÖ aparece com 27%, seis pontos a menos que o ÖVP. O terceiro é o SPÖ (Partido Social Democrata), com 23%. A sondagem foi feita VISEGRAD O FPÖ —assim como a alemã AfD ou a francesa Frente Nacional— baseia a sua plataforma na aversão aos estrangeir­os e ao islamismo.

Suas propostas incluem impedir estrangeir­os de receber benefícios sociais e levar a Áustria para o Visegrad, que inclui Hungria, Polônia, República Checa e Eslováquia —países em atrito com a União Europeia (UE) devido à política migratória.

Fundada após a Segunda Guerra Mundial por Anton Reinthalle­r, ex-membro do grupo paramilita­r nazista SS, a sigla quase chegou à Presidênci­a em 2016, mas foi derrotada pelo verde Alexander Van der Bellen em uma disputa acirrada.

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Darren Ornitz - 19.set.2017/Reuters Protesto em Nova York pede proteção a imigrantes que chegaram quando crianças aos EUA, os chamados ‘dreamers’

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