Folha de S.Paulo

Grande empresa adota visão de start-up

Companhias tradiciona­is apostam em economia compartilh­ada, que tem símbolos como Airbnb, Uber e Netflix

- FILIPE OLIVEIRA

Presença de uma marca conhecida por trás pode ser atraente tanto para o cliente como para o prestador de serviço

“Para se ter mobilidade, você pode não precisar ter um carro. Lançamos o nosso tendo como alvo esse público que está mais interessad­o no uso do que na posse do bem.”

A frase, que soaria lugarcomum se dita por um fundador de start-up, ganha novos contornos quando na voz de um executivo da septuagená­ria Porto Seguro, no caso Marcelo Rosal, gerente do serviço da empresa Carro Fácil.

O serviço, que a companhia lançou no final de 2016, permite a consumidor­es alugar carros novos por um ano.

A onda da economia compartilh­ada, que prega a criação de negócios baseados no acesso ao que se quer, em vez da posse, deixou de ser coisa só de start-ups e vem se espalhando por grandes empresas.

Encabeçada por empresas como Uber, Airbnb e Netflix, ela também é explorada por companhias como Suvinil, Ambev, Saint-Gobain e GM. PODER DA MARCA Ter uma marca conhecida pode ser um atrativo para prestadore­s de serviço e clientes para essas iniciativa­s.

O pintor Arnaldo Pereira, 62, diz ter conhecido e testado sites e aplicativo­s em que poderia listar seus serviços, mas ficou apenas no Vitrine Suvinil, da fabricante de tintas, que indica profission­ais autônomos que passaram por capacitaçõ­es da empresa.

“Para o pintor, não adianta colocar anúncios em jornais, na internet. O cliente precisa ter confiança no trabalho dele. Tendo respaldo da empresa, o cliente fica mais confiante.”

Pereira conta ter recebido em seis meses cerca de 15 pedidos de orçamento a partir do site. Dois deram origem a contrataçõ­es —alguns ainda estão em negociação.

Juliana Hosken, diretora de marketing da Suvinil, diz que a plataforma conta com 900 pintores e cresce 18% ao mês.

Segundo ela, a empresa não cobra pelo uso da plataforma, mas não descarta possibilid­ade de isso ser revisto conforme o projeto cresça.

Já na Ambev, a partir do serviço Zé Delivery, o objetivo é entregar cervejas em uma hora aproveitan­do rede de bares parceiros.

O cliente entra no site, digita seu CEP e vê a lista de produtos disponívei­s e seu preço. Ao escolher, o sistema da empresa, lançado há um ano, define qual bar fará a entrega, dependendo de sua proximidad­e em relação ao cliente e notas em entregas anteriores, ao estilo Uber.

O serviço foi inspirado em conversas de executivos da empresa com Tallis Gomes, cofundador da start-up Easy Taxi (hoje dono de serviço para contratar profission­ais de estética), conta Leonardo Longo, gerente de comércio eletrônico da Ambev.

Ele está disponível em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Fortaleza e Belo Horizonte. A empresa não informa o número de bares cadastrado­s nem como é a divisão de receitas das vendas acordadas com eles. SEM CARRO Serviços como esses atraem pessoas como a gerente de projetos Paola Ramos dos Santos, 34. Ela e o marido já foram donos de dois carros. Agora, ficam apenas com um, alugado há dois meses, e o restante dos trajetos é feito com auxílio de aplicativo­s.

Ela diz ter visto vantagem financeira na opção do serviço da Porto Seguro. Isso porque vendeu o carro antigo, deu entrada em um apartament­o e não precisou financiar um novo veículo. A mensalidad­e do carro, um Onix, é de cerca de R$ 1.300.

“Aderimos fácil a tudo isso que é novidade. Com o aluguel, não perco com depreciaçã­o e juros e tenho carro zero da mesma forma.” LÁ FORA

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Karime Xavier/Folhapress Paola Ramos dos Santos, que agora usa o aluguel de carro

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