Gregos têm raízes bárbaras e de cavaleiros
Origem grega envolve os minoicos, micênicos e tem ‘tempero’ de povos das estepes de Rússia, Ucrânia e Armênia
Comparação do DNA de esqueletos e de povos atuais possibilitaram traçar a possível história da civilização FOLHA
Os gregos antigos foram os responsáveis por inventar a palavra “bárbaro” (termo originalmente usado para designar qualquer povo que não falasse sua língua). Mas novas análises de DNA indicam que os próprios grupos responsáveis por levar o idioma grego para a terra onde ele é falado hoje podiam muito bem ser classificados como bárbaros —seriam cavaleiros nômades das estepes.
É isso o que sugere uma pesquisa coordenada por Iosif Lazaridis, da Escola Médica da Universidade Harvard (EUA), que está em edição recente da revista científica “Nature”.
Lazaridis e seus colegas obtiveram DNA de esqueletos encontrados na Grécia continental, na ilha de Creta (também pertencente à Grécia) e no sudoeste da Anatólia (atual Turquia).
Esses indivíduos viveram em épocas que vão do Neolítico (época do surgimento da agricultura), por volta de 5.500 a.C., à Idade do Bronze, entre 2.900 a.C. e 1.200 a.C.
Comparando esse DNA com o de outros povos préhistóricos da Europa e da Ásia e com o de gregos e demais europeus vivos hoje, os cientistas conseguiram fazer uma reconstrução bastante completa da história populacional da Grécia desde seus primórdios —embora ainda restem muitas dúvidas. CAMADAS GREGAS Os pesquisadores já sabiam que, durante o Neolítico, grupos asiáticos da Anatólia, que só precisavam atravessar os poucos quilômetros do estreito de Dardanelos para chegar à Europa, foram os responsáveis por trazer a agricultura ao atual território grego.
Com a passagem dos milênios, duas grandes civilizações apareceram na região ao longo da Idade do Bronze. Primeiro foram os minoanos ou minoicos (de 2.600 a.C. a 1.500 a.C.), cuja principal base era Creta.
Construíram belos palácios e parecem ter usado seus navios principalmente para o comércio. Eles foram suplantados pelos micênicos (que dominaram a Grécia e as ilhas ao seu redor até 1.200 a.C.), um povo de guerreiros cuja escrita já continha uma forma muito arcaica do grego que ainda é falado na Atenas do século 21.
Um dos grandes mistérios associados a essas fases da história grega é a origem dos micênicos. Outro enigma tem a ver com a possível relação entre micênicos e minoicos, bem como a que existe entre esses dois povos e gregos da época de Platão ou de hoje.
As análises comparativas de DNA sugerem, em primeiro lugar, que cerca de três quartos do material genético de minoicos e micênicos teria