Folha de S.Paulo

Paulistas lideram

- JUCA KFOURI

CORINTHIAN­S E SANTOS são os dois primeiros colocados ao faltarem 11 rodadas para terminar o Brasileiro mais esquisito desde que se adotou a mundialmen­te consagrada fórmula dos pontos corridos.

Nem um nem outro estavam entre os favoritos para ocupar posições tão privilegia­das quando o campeonato começou.

Muito menos o líder Corinthian­s, porque o Santos, ao menos, havia sido o vice-campeão da temporada passada, embora pouco ameaçasse o campeão Palmeiras.

Este sim era o favorito de 11 em cada dez prognóstic­os, mas decepciono­u em todas as competiçõe­s que disputou, como aquele novo rico que compra uma Ferrari e a destrói num poste na primeira volta que dá.

O futebol paulista fez campeão e vice em 2016 e periga repetir a dose neste 2017, embora o Cruzeiro atropele na reta final.

Prova de que a fortuna do Estado mais rico do país faz a diferença? Certamente, não. Porque tanto o Corinthian­s quanto o Santos estão numa pindaíba de dar gosto.

A folgada liderança corintiana, posta à prova neste domingo (15) na Fonte Nova, em Salvador, contra o valente Bahia que quase ganhou do Palmeiras na quinta-feira (12), retoma a discussão intermináv­el sobre os pontos corridos.

Porque se faltam 11 rodadas para o Santos, para o Timão faltam oito, pois seus dez pontos de vantagem lhe permitem perder três jogos.

Que graça tem?, perguntam os críticos do sistema.

Mesmo que se tratasse de um time muito superior aos demais, a pergunta deixaria de levar em conta a meritocrac­ia em nome da emoção dos mata-matas. E faria tábula rasa da garantia que a fórmula impõe ao dar atividade a todos até o fim.

Quando a vantagem prematura é estabeleci­da por um time igual aos demais, o argumento ganha aspectos curiosos porque, de fato, que méritos tem o Corinthian­s para desfrutar de tamanho conforto?

A direção do clube, nenhum, ao contrário, pois só faz meter os pés pelas mãos, em situação financeira pavorosa e com transparên­cia abaixo de zero.

Diferentem­ente do que se deve dizer do técnico Fábio Carille, escolhido porque foi o que restou, e de seu grupo médio de jogadores, capaz de realizar um primeiro turno histórico, para os anais do futebol brasileiro e que dificilmen­te se repetirá.

O Santos também tem uma diretoria fraca, trocou o técnico, Dorival Júnior, que o levou ao segundo lugar no ano passado por outro, Levir Culpi, que não tem nada a ver com o anterior e, mesmo assim, com um grupo inferior ao de 2016, se segura no segundo lugar — embora corra risco nesta segunda contra o Vitória, o pior dos mandantes que tem sido o mais assustador dos visitantes.

O futebol é mesmo um desafio à lógica cartesiana.

Os paulistas lideram com seu time mais improvável com exceção da Ponte Preta, veem o ricaço Palmeiras dar vexame e o outrora hegemônico São Paulo neste diabólico entra e sai da zona do rebaixamen­to.

Em 2007 fazia sentido o Tricolor bicampeão a caminho do tri e o Alvinegro rebaixado. Agora, não faz nenhum. O que não dá direito a que se negue a justiça da situação de um e outro, graças à fórmula que faz prevalecer o que acontece nos gramados e não, necessaria­mente, nos gabinetes.

Só o Corinthian­s, entre os times de São Paulo, venceu na última rodada. Mas o Santos também comanda

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