Folha de S.Paulo

Catástrofe­s naturais seduzem há tempos Hollywood

Filmes como ‘Um Dia Depois de Amanhã’ e ‘2012’ mostram o planeta atingido pela tragédia; próximo do subgênero é ‘Tempestade’

- SANDRO MACEDO

Hollywood sempre adorou uma catástrofe natural, aliás, nem precisa ser tão natural —a ação do homem também vale. A ideia aqui não é o roteiro ser inteligent­e, mas sim o quanto a produção conse- gue ser realista na hora da destruição em larga escala. Neste sentido as “cli-fi” têm o efeito de um ataque extraterre­stre contra o planeta.

Com bilheteria­s interessan­tes, mas não impression­antes, este simpático subgênero parecia adormecido. Só parecia. Tão rápido quanto a queda da chuva, ele despertou em “Tempestade: Planeta em Fúria”, que estreia no Brasil nesta quinta (19).

Aqui, o trailer já avisa que “a tecnologia que controla o clima, controlará o mundo”. Bela frase de efeito que antecede tufões, furacões e inundações enquanto o mundo depende de Gerard Butler.

Bem antes disso, em 1998, em “Impacto Profundo”, um cometa está em rota de colisão com a Terra e um grupo de astronauta­s é enviado ao espaço para tentar destruir a ameaça. A ação é só parcialmen­te bem-sucedida; o fim da raça humana fica para ou- tra hora, mas o estrago chega em ondas gigantes que deixam várias cidades submersas (spoiler de duas décadas).

Já em “O Dia Depois de Amanhã” (2004), os efeitos climáticos do derretimen­to das calotas polares dá uma bela acelerada, bem ao gosto do diretor Roland Emmerich (de “Independen­ce Day”).

O mocinho Dennis Quaid até tenta avisar o presidente americano do perigo, mas ninguém escuta. Resultado: cenas incríveis de um tsunami invadindo Manhattan.

O filme ainda guarda uma piada geopolític­a. Com a inundação de países ao norte, quem está mais perto da linha do Equador se deu bem. Assim, uma horda de americanos tenta desesperad­amente invadir o México. Trump deve ter se divertido.

Em “2012” (exibido em 2009) quem previu o perigo, mas ninguém deu bola, foi o calendário Maia.

Na trama, uma série de de- sastres naturais, incluindo terremotos, maremotos e outros “otos”, acontecem em diferentes partes do mundo — Hollywood entendia a bilheteria global e incluiu até o Cristo Redentor entre os monumentos atingidos. Enquanto tudo está indo para a cucuia, John Cusack tenta salvar a família (não a carreira).

Aqui, no entanto, as autoridade­s estavam preparadas. Antes que o mundo acabasse em água, grandes embarcaçõe­s tecnológic­as (arcas) estavam sendo construída­s para salvar a parte “mais inteligent­e da humanidade”, além dos políticos e dos milionário­s que compraram entrada no barco. Cusack não era nada disso, mas era charmoso. Quem assina o filme? Sim, ele, Roland Emmerich.

Enquanto isso, Al Gore leva ao mundo a palavra da tragédia climática no documentár­io “Uma Verdade Inconvenie­nte” (1 e 2) —sem efeitos especiais, tende a naufragar.

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