Governo Maduro celebra vitória em 17 de 23 Estados da Venezuela
Oposição, que esperava vencer em 12 localidades, fica com apenas cinco e fala em fraude eleitoral
Apuração foi praticamente concluída em duas horas; Estado de Miranda foi maior derrota antimadurista
Os candidatos apoiados pela ditadura Nicolás Maduro venceram as eleições regionais da Venezuela em 17 dos 23 Estados em disputa, anunciou no fim da noite de domingo (15) a responsável pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena.
Às 22h10 de Caracas (0h10 em Brasília), apenas duas horas depois do fechamento das últimas urnas, ela disse que, com 95,8% dos votos contabilizados, “e portanto com uma tendência irreversível”, a oposição havia conquistado apenas cinco vitórias. Em Bolívar, o resultado ainda estava indefinido.
Entre as derrotas da oposição, a mais marcante é aquela no Estado de Miranda, em que as pesquisas indicavam que haveria revés claro do chavismo, algo que acabou não se concretizando. Foi ali que mais eleitores tiveram seus locais de votação mudados de última hora.
Tibisay Lucena afirmou ainda que a participação eleitoral foi alta e “inesperada”: de 61,14%.
A oposição disse ter “sérias dúvidas” em relação ao resultado, pois ele não corresponderia a bocas de urna realizadas pela MUD (Mesa da Unidade Democrática), que davam aos antimaduristas entre 12 e 15 Estados.
Segundo o anúncio oficial, eles triunfaram em Táchira, Zulia, Mérida, Nueva Esparta e Anzoátegui.
Logo após o anúncio dos resultados, o ditador Nicolás Maduro discursou: “O chavismo está vivo, aqui estamos com Chávez, aqui estamos de pé e recuperamos o caminho da vitória”.
Ele pediu que a oposição acate o resultado. “Para esses cinco governadores da oposição, aviso: eu os acompanharei de perto. Quero que trabalhem, não quero governadores conspiradores, que coloquem travas à nação.”
Segundo Maduro, os oposicionistas terão de ser juramentados pela Assembleia Nacional Constituinte (ANC).
Nos arredores do bairro de Chacao, no leste de Caracas, ouviam-se gritos nas ruas de “fraude” durante o discurso do ditador. Enquanto isso, na televisão, os canais pró-governo mostravam festa dos chavistas na Plaza Bolívar. DIA DE VOTAÇÃO O dia de votação foi marcado por um contraste em relação às eleições de 31 de julho, que apontaram parlamentares para a Constituinte.
Na anterior, em que o governo tinha a intenção de mostrar grande apoio popular à instalação da ANC, houve alta abstenção. A oposição liderou campanha para que a população não votasse —inclusive com barricadas para bloquear o trânsito—, enquanto o governo forneceu vários estímulos, como o adiamento do horário de fechamento das urnas em três horas.
Desta vez, em que a maior parte da oposição decidiu que era necessário participar da votação, o jogo parecia invertido. Não havia barricadas de antimaduristas, mas sim muitas vias da cidade cortadas pelas próprias autoridades, “por questão de segurança”.
A reportagem da Folha viu grandes filas de eleitores, principalmente nos locais onde a oposição tem tradicionalmente mais votos: Chacao, Baruta, Chuao, El Hatillo.
As demoras foram causadas, principalmente, pelas mudanças de mais de 250 centros eleitorais anunciadas pelo governo 72 horas antes do início da votação, afetando mais de 700 mil eleitores.
Houve também denúncias de atrasos na chegada dos responsáveis do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) a alguns centros de votação, como no bairro humilde de Petare, o que provocou demora na abertura das mesas.
Em um colégio de Chuao, por volta das 14h30, eleitores contaram estar esperando havia mais de quatro horas. “E com um temporal no meio”, afirmou Carolina Henao, 24, debaixo de um guarda-chuva. “Mas agora que esperei isso tudo, vou até o fim.” INTIMIDAÇÃO Segundo o jornal “El Nacional”, em centros de votação no interior do país, foi registrada a presença de “coletivos” (milícia civil), rondando as filas, em gesto intimidatório.
Durante a tarde, os “coletivos” também apareceram em Caracas.