Folha de S.Paulo

Redução do desemprego virará mote do governo

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DE BRASÍLIA

O diagnóstic­o é consenso entre os principais aliados de Michel Temer: o presidente conseguirá os 171 votos necessário­s para barrar a segunda denúncia contra ele —desta vez por obstrução de Justiça e organizaçã­o criminosa—, mas não poderá mais contar com uma base robusta que aprove medidas relevantes, como a proposta inicial do governo para a reforma da Previdênci­a.

Por isso, sem força política para comandar votações importante­s no Congresso, Temer vai apostar em um inflamado discurso sobre a redução do desemprego para tentar ganhar fôlego até o fim de seu mandato.

A ideia é que Temer volte a se ancorar no discurso de que a situação econômica do país melhorou, principalm­ente com a redução do número de desemprega­dos, hoje em cerca de 13 milhões de pessoas.

Segundo o núcleo político do governo, a nova lei trabalhist­a –que entra em vigor dia 11 de novembro– impulsiona­rá contrataçõ­es em vários setores, além dos postos temporário­s criados no fim do ano, que devem endossar o desejado cenário positivo.

O otimismo do Palácio do Planalto, porém, não encontra respaldo na equipe econômica. Cautelosos, integrante­s do Ministério da Fazenda afirmam que a melho- ra nos índices de desemprego será “vagarosa” e que não há indícios, por parte do mercado, de um boom nas contrataçõ­es com a vigência da nova legislação trabalhist­a.

Somada a esse ruído com a área econômica há ainda no Planalto a avaliação de que o governo sofrerá um inevitável redesenho após a votação da segunda denúncia contra Temer na Câmara.

Deputados aliados prometem retaliação nas votações ao reclamar do não cumpriment­o das promessas do presidente, que se compromete­u a liberar cargos e emendas em troca de apoio para se livrar da primeira denúncia.

Ciente de que já gastou muito de seu capital político, Temer foi então aconselhad­o por assessores a não adotar medidas impopulare­s nos próximos meses e a apostar em número positivos da economia que não dependam da agenda legislativ­a.

Auxiliares defendem, por exemplo, que o presidente postergue a assinatura da elevação da alíquota da contribuiç­ão previdenci­ária, de 11% para 14%, do adiamento do reajuste de salário dos servidores e da nova tributação de fundos exclusivos.

Integrante­s da equipe econômica reagem e dizem que, diante do pessimismo quanto à aprovação da reforma da Previdênci­a, contam com isso para fechar a meta de 2018. (MARINA DIAS)

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