Espanha prende dois líderes separatistas
Justiça do país entende que catalães convocaram manifestação para atrapalhar trabalho da polícia nacional
Presidente da região pede a Madri dois meses de diálogo, mas suspensão da autonomia é iminente
solver a crise territorial.
“Nossa proposta de diálogo é sincera e honesta”, disse, criticando o uso da força policial para impedir o plebiscito de 1º de outubro. Na consulta, 90% dos eleitores votaram no “sim” —mas só 43% dos registrados compareceram às urnas.
Com os resultados do plebiscito, o presidente da Catalunha foi ao Parlamento regional no dia 10 e declarou a independência do território. Segundos depois, pediu que a separação fosse suspensa para haver concertação.
Rajoy então estabeleceu uma primeira data limite (segunda, 16) para Puigdemont dirimir a dúvida.
“Lamento que você tenha decidido não esclarecer se declarou a independência da Catalunha”, escreveu o premiê ao presidente catalão após o fim do prazo.
A vice-premiê, Soraya Sáenz de Santamaría, ironizou: “A pergunta que fizemos não era difícil”. Puigdemont tem agora até a quinta-feira (19) para voltar atrás e dizer de maneira inequívoca que não proclamou a separação.
No atual cenário, torna-se cada vez mais provável o uso do Artigo 155 da Constituição espanhola, com o qual Rajoy pode suspender temporariamente a autonomia catalã e antecipar as eleições regionais, passando por cima de um governo que tem desobedecido todas as suas ordens.
O próprio “tira-dúvida” enviado por Rajoy a Puigdemont já faz parte do mecanismo do Artigo 155. Para suspender a autonomia catalã, o premiê precisa da maioria absoluta do Senado, o que seu Partido Popular já tem.
A Catalunha, uma região espanhola, já goza de autonomia parcial e conta com seu Parlamento e polícia próprios. Mas tem se fortalecido nos últimos anos o projeto de um Estado independente.
Um dos argumentos é econômico: a região contribui com 20% do PIB espanhol, de US$ 1,2 trilhão. Catalães têm também sua própria língua.