Com impasse, Catalunha perde mais de 500 firmas
DE MADRI
A Justiça espanhola decretou na segunda-feira (16) a detenção preventiva de dois líderes separatistas catalães, agravando a crise política. Acusados de sublevação, eles podem ser condenados a até 15 anos de prisão.
Jórdi Sànchez e Jordi Cuixart comandam, respectivamente, a Assembleia Nacional Catalã e a Òmnium Cultural, responsáveis por mobilizações populares em prol da separação da Catalunha.
Para a Justiça, eles teriam convocado as manifestações do último dia 20 a fim de obstruir as buscas da polícia espanhola, que vistoriava escritórios públicos catalães para impedir a organização do plebiscito separatista de 1º de outubro. Milhares de pessoas compareceram.
A Promotoria espanhola pediu também a detenção sem fiança de Josep Lluís Trapero, chefe da polícia catalã (que responde ao governo regional), mas a solicitação foi indeferida —ele terá, no entanto, de comparecer a cada 15 dias a um tribunal.
Segundo a acusação, o policial agiu com passividade nas buscas de 20 de setembro e descumpriu ordens de Madri para impedir a consulta do começo de outubro. ‘DIÁLOGO SINCERO’ Também na segunda (16), o presidente catalão, Carles Puigdemont, ignorou o fim do prazo fixado pelo governo espanhol para esclarecer se tinha proclamado a independência da região no dia 10.
Madri esperava uma resposta definitiva. Puigdemont, porém, pediu uma negociação de dois meses entre catalães, espanhóis e a comunidade internacional para re-
DE MADRI
Pressionada pela crise separatista catalã, a gigante espanhola do ramo dos espumantes Codorníu anunciou na segunda-feira (16) a decisão de transferir sua sede, hoje em Barcelona, para a região de La Rioja (norte do país).
A mudança foi justificada “diante da situação de incerteza política e jurídica em que se encontra mergulhada a Catalunha”. Deslocar sua sede, portanto, “teve o objetivo de garantir os interesses dos funcionários e dos clientes”.
Foi uma decisão difícil, segundo declarações da presidente da empresa, Mar Raventós, já que a Codorníu opera na Catalunha desde 1551.
A fábrica de espumantes não está sozinha no gesto. Dados preliminares publicados na semana passada pelo jornal “El País” mostram que ao menos 540 firmas deixaram a Catalunha desde o início de outubro, incluindo gigantes como o CaixaBank, terceiro maior banco do país.
O grupo editorial Planeta, um dos maiores do mundo, também se mudou, assim como a Gas Natural Fenosa, o banco Sabadell e a Idilia Food —conglomerado que produz a clássica marca de achocolatados Cola Cao.
A transferência de sede significa que, aqui em diante, essas empresas estarão sujeitas às leis e impostos das regiões para as quais se mudaram.
Mas isso não quer dizer que tenham deslocado sua estrutura física ou empregados. A Codorníu manterá sua linha de produção em Barcelona.
A decisão tomada por essas firmas pode significar uma diminuição de € 2 bilhões (R$ 7,4 bilhões) nos impostos recolhidos pelo governo catalão, segundo o diário.
O êxodo de empresas é um dos efeitos mais visíveis da crise territorial espanhola, com os esforços da Catalunha de declarar sua independência, considerada ilegal pelo governo em Madri.
O Ministério da Economia da Espanha sinalizou na sexta-feira (13) que irá revisar sua previsão de crescimento para o ano que vem, hoje em 2,6%.
Em paralelo, as reservas nos hotéis de Barcelona, capital catalã, caíram até 30% desde o início do mês.
O pessimismo econômico pode carcomer o apoio popular ao projeto separatista, em parte baseado na pujança econômica da Catalunha —que, segundo a agência de classificação de risco Standard & Poor’s, corre o risco de entrar em recessão se a crise territorial persistir. (DB)