Joesley e Wesley Batista viram réus em SP
Acusação envolve manipulação de mercado e uso de informação privilegiada; eles negam
Os empresários Joesley e Wesley Batista, controladores da JBS, tornaram-se réus nesta segunda-feira (16) sob acusação do uso de informação privilegiada e manipula- ção de mercado.
O juiz João Batista Gonçalves, da 6ª Vara Federal de São Paulo, aceitou denúncia feita contra ambos pelo Ministério Público Federal (MPF). Os irmãos estão presos preventivamente por causa desse processo.
Em caso de condenação, o crime de uso de informação privilegiada pode ser punido com um a cinco anos de prisão e multa de três vezes o lucro obtido. Para manipulação de mercado, a pena de reclusão pode chegar a oito anos.
Joesley e Wesley são acusados pelo Ministério Público de terem utilizado a informação sobre o seu próprio acordo de colaboração premiada para obter lucro no mercado financeiro antes que o caso viesse a público.
Por envolver até o presidente da República, Michel Temer, a delação dos Batista sacudiu os mercados. Em 18 de maio, após a informação, o dólar à vista subiu 9%, o Ibovespa caiu 8,8% e a ação da JBS recuou perto de 10%.
De acordo com os procuradores, os irmãos obtiveram lucro indevido de duas formas: comprando dólar no mercado futuro e à vista e vendendo ações da JBS que estavam nas mãos da holding para a própria empresa.
Os irmãos Batista negam as acusações. Por meio de nota, a JBS reafirmou que “as operações de recompra de ações e derivativos cambiais foram realizadas de acordo com o perfil e o histórico da companhia”.
De acordo com perícia feita pela Polícia Federal, a JBS foi a segunda maior compra de dólares no pregão de 17 de maio, horas antes de a delação vir à tona. As operações cambiais teriam gerado um lucro de cerca de US$ 100 milhões para a companhia, segundo os procuradores.
Segundo a denúncia do MP, Wesley Batista, presidente da JBS, determinou aos seus funcionários que utilizassem todos os seus limites de crédito com os bancos para a compra de dólares e que, inclusive, solicitassem aumentos de limite.
Os irmãos também são acusados de evitarem uma perda de R$ 138 milhões com uma operação de compra e recompra das ações da JBS.
Segundo estudo encomendado pela JBS à Fipecafi, fundação ligada a FEA/USP, “a ação da JBS estava barata e as recompras realizadas em 2017 são normais quando comparadas ao período imediatamente anterior”.