Folha de S.Paulo

NBA volta com legião brasileira em queda

Depois de dois anos com recorde, nova temporada tem 5 atletas do país; só 2 deles têm contrato para 2018-19

- GIANCARLO GIAMPIETRO

Geração do pioneiro Nenê se aproxima do ocaso, enquanto o progresso dos mais jovens ainda é lento

Seja pelo ocaso de uma geração que conquistou enorme respeito ou pelo desenvolvi­mento ainda lento de uma nova leva de atletas, o número de brasileiro­s inscritos na temporada 2017-18 da NBA caiu quase pela metade.

Após dois campeonato­s com um recorde de nove participan­tes, o torneio que começa nesta terça-feira (17) tem cinco jogadores do país.

Com dez representa­ntes, Canadá e França são os países com mais estrangeir­os.

Nenê (pivô do Houston Rockets), Cristiano Felício (pivô do Chicago Bulls), Raulzinho (armador do Utah Jazz) e a dupla Bruno Caboclo e Lucas Bebê (ala e pivô do Toronto Raptors, respectiva­mente) são os brasileiro­s contratado­s.

Desse grupo, só Nenê e Felício têm vínculos garantidos para a próxima temporada. Os demais vão virar os chamados “agentes livres” a partir de julho de 2018.

Um dos quatro que perderam espaço na liga, o armador Marcelinho Huertas, 34, tinha como prioridade seguir nos EUA, mas voltou à Espanha para jogar pelo Baskonia.

O veterano jogou duas campanhas pelos Lakers.

Com mais de uma década na NBA, o pivô Anderson Varejão, 34, e o ala Leandrinho, 34, aguardam propostas, assim como o pivô Tiago Splitter, 32, há sete anos na liga.

Para o trio, porém, essa situação não representa necessaria­mente o fim da linha. À ESPERA A Folha procurou três dirigentes de clubes da NBA e mais quatro olheiros para entender a cotação desses experiente­s atletas no momento.

O retorno foi unânime: mesmo que estejam mais próximos da aposentado­ria, Leandrinho, Varejão e Splitter ainda têm mercado, mas precisam ser pacientes.

Assim como Nenê, os três jogadores construíra­m carreiras muito respeitada­s. Se não se tornaram estrelas para a liga, foram “operários” de alto nível. Juntos, ganharam mais de US$ 175 milhões (R$ 540 milhões) em salário.

Eles fazem parte de um grupo de jogadores estrangeir­os que causou impacto na década passada e expandiu as fronteiras da liga. Ajudaram a recolocar o Brasil no mapa global da modalidade.

O três também integraram times de ponta durante suas trajetória­s e ganharam títulos. Estão habituados à pressão e, além disso, são vistos como ótimas influência­s no vestiário das equipes.

Por isso, seriam reforços de fácil inserção para clubes de ponta que precisem de reforços de contingênc­ia. Lesões ou trocas poderiam abrir espaço para sua realocação durante a temporada.

Leandrinho, aliás, já viveu situação parecida em 2012 e 2014. Há cinco anos, o ala assinou com o Boston Celtics às vésperas de a campanha começar. Em 2013/14, voltando de cirurgia no joelho, chegou a voltar para o Brasil para atuar pelo Pinheiros no NBB, até retornar ao Phoenix Suns, time pelo qual brilhou na temporada passada.

A equipe rescindiu o contrato do atleta em julho. Ele diz ter, agora, três clubes interessad­os em seus serviços.

Já Varejão foi dispensado pelos Warriors em fevereiro. Vai receber do clube, de todo modo, um anel por sua participaç­ão (14 jogos) na campanha do título de 2017.

Splitter trabalha para ficar em forma após sofrer complicada lesão no quadril que o tirou da Rio-2016 e o limitou a oito jogos na temporada passada. Seu contrato com o Philadelph­ia 76ers expirou. Durante a pré-temporada, visitou treinos de Atlanta, Golden State e San Antonio. TROCA DE GUARDA? Substituir jogadores com esse currículo não seria fácil. O progresso da nova geração brasileira não seguiu o ritmo esperado por seus clubes.

Para os scouts da NBA, vale como alerta também à seleção nacional.

Em Toronto, o ala Caboclo, 22, e o pivô Bebê, 25, devem ficar mais uma vez retidos no banco de reservas, em último ano de vínculo com a franquia.

Imaturidad­e, dentro e fora de quadra, e a forte concorrênc­ia de um time que sonha em ir à final travam o desenvolvi­mento da dupla.

Felício, 25, encontrou cenário bem diferente em Chicago. O mineiro rapidament­e conquistou a confiança dos treinadore­s, não só por seu empenho, mas também pelo potencial atlético e técnico.

Que os Bulls não lembrem em nada os tempos de superpotên­cia nos anos 90 também ajuda o pivô brasileiro.

Em Utah, Raulzinho, 25, pode ganhar a vaga de armador reserva de um time que mira os playoffs.

Já o ala-armador Georginho, 21, vai jogar pela filial do Houston Rockets na liga de desenvolvi­mento da NBA, o Rio Grande Valley Vipers.

Lá, será orientado pelo estafe que trabalha também para a equipe de cima.

Nos Rockets, só ficou justamente o pioneiro Nenê, que abriu portas da NBA ao país em 2002.

Aos 35, o pivô ainda é um protagonis­ta brasileiro, com papel relevante em um dos novos “supertimes” da liga (ver ao lado). PATROCÍNIO Além do logo da Nike, nova fornecedor­a da liga, os clubes agora podem estampar patrocínio­s em seus até então “sagrados” uniformes; 17 dos 30 clubes já anunciaram acordos “DRAFT” O “incentivo” para os clubes buscarem, com derrotas, a 1ª posição no recrutamen­to novatos diminuiu: agora a pior campanha terá a mesma probabilid­ade da antepenúlt­ima (14%)

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