Pele sensível de Gentili devia lhe valer o apelido de Porcelana
Nenhum artista gosta de receber críticas negativas. Meses, anos de trabalho são desmontados em poucos parágrafos. Algumas vezes —cada vez mais raras—uma resenha desfavorável consegue até mesmo afetar a bilheteria de um filme ou uma peça.
A Folha costuma abrir espaço para quem quiser rebater as críticas que recebeu no jornal. Não são raras as réplicas de diretores de cinema ou artistas plásticos que se sentiram incomodados com a opinião de um colunista. Volta e meia, surgem debates interessantes desses conflitos.
Danilo Gentili nunca se valeu desse recurso que a Folha oferece. O apresentador do “talk show” “The Noite” (SBT) prefere atiçar seus 15 milhões de seguidores nas redes sociais a perseguir seus críticos. Essa opção pelo silenciamento de detratores não deixa de ser curiosa para quem vive se queixando de sofrer censura e não ser defendido por seus pares.
Um caso recente foi o entrevero com Diego Bargas, exrepórter da Folha. Gentili não gostou da reportagem que Bargas publicou na edição da última sexta (13) e o expôs no Twitter. Seus fãs investiram contra o jornalista. Detalhes podem ser conhecidos em texto publicado na segundafeira (16) pelo jornal.
Mas essa não foi nem sequer a última vez em que Gentili instigou sua tropa contra um profissional ou órgão da imprensa. No domingo (15), o humorista foi ao Twitter pedir a seus fãs para enquadrarem o site Cine Pop, que postou crítica negativa do filme “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola” —produzido, corroteirizado e estrelado por Gentili.
Resultado: o pessoal que trabalha no site teve telefones pessoais vazados e recebeu a já esperada avalanche de comentários de ódio, incluindo ameaças de morte.
Choques semelhantes aos sofridos pela escritora Daniela Abade, que ousou criticar Gentili (entre outros artistas) em texto publicado pelo “F5” em novembro de 2015. Eu mesmo fui vítima dele e de sua horda por colunas que questionavam seu preparo como entrevistador ou sua maturidade como ser humano.
A pele sensível de Danilo Gentili já é bastante conhecida por seus detratores. O escritor e jornalista Ronald Rios contou, em seu perfil no Twitter, os bastidores de seu último encontro com o apresentador (os dois foram colegas no extinto “CQC”, da Band).
Esta incapacidade de lidar com as críticas vai contra a imagem de autossuficiência (e até arrogância) que Gentili construiu para si. Afinal de contas, goste-se ou não dele, trata-se de um profissional para lá de bem-sucedido.
Seu programa costuma ir muito bem de audiência, não raro incomodando a Globo. E é bastante duvidoso que as críticas negativas tenham convencido seu público a não ver “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola”.
O filme, que estreou na quinta (12), foi o quinto mais assistido durante o fim de semana. Segundo dados do portal Filme B, acumulou quase R$ 2, 7 milhões de renda, o que é bastante razoável para uma produção nacional.
O personagem de Danilo no longa tem o mesmo apelido que o humorista tinha em seus tempos de colégio: Palmito, por ser alto, magro e branquela. Mas talvez o Danilo Gentili de hoje devesse adotar uma nova alcunha: Porcelana, dada a extrema delicadeza de sua pele.