Folha de S.Paulo

Desmatamen­to amazônico cai 16%, segundo o governo

Queda na taxa vem após dois anos de alta; total desmatado foi de 6.624 km²

- FABIANO MAISONNAVE MARINA DIAS

Para pesquisado­r, baixa se dá pela redução do preço do gado; crescer produtivid­ade do solo pode ajudar na proteção

Sob críticas de ativistas e entidades ambientais, o governo Michel Temer anunciou nesta terça-feira (17) que a taxa de desmatamen­to na Amazônia caiu 16% entre agosto de 2016 e julho de 2017. Nos últimos dois anos o resultado havia sido um aumento na taxa.

Os dados oficiais são do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), órgão subordinad­o ao Ministério de Ciência e Tecnologia, e foram entregues ao presidente em reunião no Palácio do Planalto pelos ministros Sarney Filho (Meio Ambiente) e Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia).

A queda já estava prevista neste ano —a ONG Imazon, que mantém um sistema paralelo de monitorame­nto, havia estimado uma redução de 21% para o mesmo período.

A estimativa do Inpe é de que houve 6.624 km² de corte raso na floresta no período avaliado, sendo os Estados do Pará e de Mato Grosso os recordista­s em desmatamen­to: 2.413 km² e 1.341 km², respectiva­mente.

O ministro do Meio Ambiente afirmou, após a reunião com Temer, que era importante destacar a “tendência de reversão da curva do desmatamen­to” na Amazônia que, segundo ele, só foi possível pela ação de “comando e controle” na região.

Segundo o pesquisado­r Paulo Barreto, da ONG Imazon, a redução no desmatamen­to foi influencia­da principalm­ente pela queda do preço do gado —a pecuária tem sido o principal vetor de desmatamen­to na Amazônia.

Ele criticou o discurso de Sarney Filho, que condiciono­u o controle do desmatamen­to à implantaçã­o de serviços ambientais.

“O mais importante é fazer com que se produza melhor nas áreas já desmatadas”, afirma Barreto, ao citar que 10 milhões de hectares de pastos são mal utilizados na Amazônia, segundo levantamen­to do Inpe e da Embrapa de 2014.

Com relação à tentativa de extinção da Renca (Reserva Nacional do Cobre e Associados), reserva mineral que se sobrepõe a áreas de proteção, o ministro não escondeu a insatisfaç­ão. O decreto presidenci­al foi revogado após reação negativa dos ativistas, que pressionar­am o governo.

“A Renca foi uma iniciativa do Ministério de Minas e Energia que, desencontr­adamente com os dados do desmatamen­to, teve que refluir e foi revogada”, disse Sarney Filho. “Não houve retrocesso ambiental nessa gestão”, afirmou. COLETIVA Na coletiva de imprensa em que anunciou o resultado positivo, Sarney Filho comemorou a queda do desmatamen­to, mas afirmou que a tendência é de que o desmate continue aumentando caso não haja uma política de pagamento por serviços ambientais, como o Redd+ (Redução de Emissões por Desmatamen­to e Degradação Florestal), nunca regulament­ado pelo governo federal.

Barreto, contudo, critica a fala de Sarney Filho. “Fica parecendo que, se parar de desmatar, os 25 milhões que vivem na Amazônia vão sofrer.”

O ministro do Meio Ambiente disse que tem a autorizaçã­o de Michel Temer para negociar acordos sobre o tema durante a próxima Conferênci­a do Clima da ONU, marcada para o próximo mês, em Bonn (Alemanha).

Temer tem sido duramente criticado por medidas que, segundo ambientali­stas, incentivam o desmate, como o perdão a grileiros em áreas públicas invadidas até 2011, a redução de unidades de conservaçã­o e a paralisaçã­o nas demarcaçõe­s de terras indígenas.

FOLHA

A parceria entre uma empresa brasileira e uma americana levará à Estação Espacial Internacio­nal, no ano que vem, a primeira reciclador­a de embalagens plásticas.

A ideia é tornar a exploração espacial cada vez mais independen­te de recursos da Terra —passo essencial para o futuro estabeleci­mento de bases e colônias na Lua e em Marte, planos que, acredite ou não, estão sendo discutidos por empresas e agências espaciais do mundo.

A reciclador­a é da mesma fabricante da 1ª impressora 3D instalada no espaço, a americana Made in Space.

O 1º sistema de impressão 3D, que permite criar objetos plásticos sob medida a partir de modelos digitais foi levado ao espaço em 2014.

Desde então, a Made in Space e a empresa brasileira Braskem firmaram parceria para criar uma 2ª impressora 3D espacial —capaz de usar como matéria-prima o Plástico Verde, polímero desenvolvi­do pela indústria nacional a partir da cana-de-açúcar. Em geral, materiais plásticos são derivados do petróleo.

Para fechar o ciclo, faltava a reciclador­a, cujo projeto será apresentad­o nesta quartafeir­a (18), em evento no MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo), com uma palestra de Andrew Rush, presidente da Made in Space.

A máquina em si ainda está sendo desenvolvi­da, mas deve trabalhar fazendo a

 ?? Lalo de Almeida/Folhapress ?? Desmatamen­to na região de Alta Floresta, em Mato Grosso
Lalo de Almeida/Folhapress Desmatamen­to na região de Alta Floresta, em Mato Grosso

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