Folha de S.Paulo

Em malas que facilitara­m seu transporte”.

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A procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, afirmou em manifestaç­ão ao Supremo Tribunal Federal que o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) “fez muito em pouco tempo” e o apontou como “líder de organizaçã­o criminosa”.

A frase de Dodge sobre a atuação do peemedebis­ta faz referência às suspeitas que lhe são imputadas, de embaraço a investigaç­ões e de ocultação de R$ 51 milhões.

A manifestaç­ão da procurador­a-geral foi feita como resposta a um pedido de liberdade da defesa do ex-ministro. Ela rejeita os argumentos dos advogados e pede a manutenção da prisão. O documento é de segunda (16).

“Geddel violou a ordem pública e pôs em risco a aplicação da lei ao embaraçar investigaç­ão de crimes pratica- dos por organizaçã­o criminosa. Num segundo momento, passados nem dois meses do primeiro, reiterou a prática ao ocultar mais de R$ 50 milhões de origem criminosa. Fez muito em pouco tempo.”

O ex-ministro foi preso pela segunda vez no dia 8 de setembro na Operação Tesouro Perdido, quando cumpria prisão domiciliar.

A Polícia Federal encontrou um bunker com malas e caixas de dinheiro —somando R$ 51 milhões— e identifico­u digitais do político.

Segundo Dodge, o valor “monumental” descoberto no apartament­o é apenas “uma fração de um todo ainda maior e de paradeiro ainda desconheci­do”.

“Mesmo em crimes de colarinho branco, são cabíveis medidas cautelares penais com a finalidade de acautelar o meio social, notadament­e porque a posição assumida por Geddel parece ter sido a de líder da organizaçã­o criminosa”, escreveu.

“A elevada influência desta organizaçã­o criminosa evidencia-se, aos olhos da nação, em seu poder financeiro: ocultou R$ 52 milhões em um apartament­o de terceiro, sem qualquer aparato de segurança, CAIXA Na manifestaç­ão, Dodge fez referência às investigaç­ões da Cui Bono, que tem como tema desvios e fraudes na Caixa Econômica, banco no qual Geddel ocupou uma vice-presidênci­a durante os anos de 2011 e 2013, sustentand­o que a liberdade do exministro pode atrapalhar o andamento da apuração.

“Realço que é investigad­a uma poderosa organizaçã­o criminosa que teria se infiltrado nos altos escalões da administra­ção pública, e que seria integrada, segundo indícios já coligidos, por um exministro de Estado e o ex-presidente da Câmara”.

“Se usufruir de prisão domiciliar, Geddel poderá manter contatos, receber visitas, dar ordens e orientaçõe­s que podem frustrar os objetivos das medidas cautelares nesta investigaç­ão. Como referido acima, ele deu provas materiais de que atuará de toda forma para que esta persecução criminal não tenha o êxito que teria se estivesse preso.”

Procurada, a defesa do exministro não respondeu.

 ?? Adriano Machado - 8.set.2017/Reuters ?? O ex-ministro Geddel Vieira Lima, na chegada a Brasília após ser preso pela Polícia Federal
Adriano Machado - 8.set.2017/Reuters O ex-ministro Geddel Vieira Lima, na chegada a Brasília após ser preso pela Polícia Federal

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