Folha de S.Paulo

Incompreen­são

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Com o amém do governo Michel Temer, a proposta do novo marco regulatóri­o dos planos de saúde promete mais fuzuê em tempos de generaliza­do e pasmoso retrocesso. O deputado tucano Rogério Marinho (RN) condensou 140 projetos que tramitam no Congresso para alterar a legislação do setor —de 1998— em um texto polêmico, com viés pró-operadoras.

O relatório acaba com a vedação a reajustes por faixa etária para pessoas acima de 60 anos, regra estabeleci­da pelo Estatuto do Idoso. Para acabar com o aumento (abusivo) aplicado hoje aos 59 anos, Marinho propõe diluí-lo em etapas a cada cinco anos. A mudança é vista com desconfian­ça por abrir caminho para uma elevação do preço final para idosos.

O tucano quer reduzir o valor das multas aplicadas às operadoras por recusa de atendiment­o ao usuário. Na proposta, ainda muda a sistemátic­a de ressarcime­nto ao SUS por gastos com a assistênci­a de segurados. Isso inviabiliz­ará o encontro de contas porque fixa em irreais 24 horas o prazo para o ente público avisar os planos sobre o socorro realizado.

Marinho diz que as novidades foram incompreen­didas.

O deputado foi relator da reforma trabalhist­a, que entra em vigor no próximo dia 11. Em dezembro, recebeu do Palácio do Planalto um texto enxuto e retribuiu com um relatório-calhamaço alterando mais de cem dispositiv­os da velha CLT. “A economia precisa ter previsibil­idade, a legislação deve ser clara e o equilíbrio entre o capital e o trabalho é essencial para a confiança do sistema”, disse em artigo nesta Folha ao defender a reforma.

As novas regras trabalhist­as vêm sendo contestada­s por juízes, fiscais e procurador­es do Trabalho. Eles sustentam que há normas inconstitu­cionais e que violam princípios da OIT (Organizaçã­o Internacio­nal do Trabalho). Elaboraram 150 enunciados para orientar a (não) aplicação da reforma.

Quanta incompreen­são.

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