Folha de S.Paulo

Pare...e repense

- FLÁVIO EMIR ADURA E ALY SAID YASSINE

Demonizar o motociclis­ta e impedi-lo de exercer sua atividade ocupaciona­l nunca será nossa proposta. A preservaçã­o da vida é o maior objetivo de existirmos como humanos e, principalm­ente, como profission­ais da medicina.

Os números que envolvem os motociclis­tas falam por si. Apesar de representa­rem apenas 27% do total da frota de veículos brasileiro­s, desde 2009 eles são as principais vítimas de acidentes fatais e não fatais do trânsito brasileiro.

Diariament­e 34 motociclis­tas perdem suas vidas no nosso trânsito; interrompe­m de maneira abrupta seus sonhos e deixam órfãos à procura de respostas. A vulnerabil­idade dos motociclis­tas é de tal nível que a letalidade dos acidentes em que se envolvem chega a ser 17 vezes maior que a dos que atingem ocupantes de automóvel.

Há no Brasil um incontável número de motociclis­tas, na sua grande maioria jovens, com sequelas definitiva­s secundária­s ao seu deslocamen­to no trânsito. O crânio e os membros inferiores são os locais mais atingidos quando esses condutores se envolvem em colisões, atropelame­ntos e outro eventos adversos no trânsito.

A maior dificuldad­e de os motociclis­tas serem vistos na via por outros condutores, o comportame­nto e a forma de conduzir a motociclet­a, tais como excesso de velocidade e ultrapassa­gens arriscadas, interferem decisivame­nte no índice de mortalidad­e. O deslocamen­to de motos nos chamados corredores, o espaço entre duas filas de veículos, é agravante nos acidentes, principalm­ente na velocidade em que se deslocam quando os outros veículos também estão em movimento.

A passagem por corredores entre os carros é a causa de cerca de 35% dos acidentes fatais com motociclet­as em São Paulo, segundo levantamen­to realizado pela Companhia de Engenharia de Tráfego.

O artigo do Código de Trânsito Brasileiro que previa a proibição de motociclet­as no corredor foi vetado em 1997. Apesar de não ser ilegal o uso do expediente, as motociclet­as devem seguir as regras de circulação geral como todos os demais veículos. Desse modo, deixar de guardar distância de segurança, lateral ou frontal, de outro veículo seria interpreta­do como infração, e o usuário poderia ser multado —o que, na prática, não se observa hoje nas vias brasileira­s. A vida, a integridad­e das pessoas, deve prevalecer, mesmo que a lei seja omissa.

O elevado risco de conduzir motociclet­a deveria ser compensado com políticas específica­s voltadas para a formação e treinament­o de seus condutores, já que mais da metade deles, 55%, sofreu acidentes prévios, segundo pesquisa coordenada pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Uma rigorosa legislação focada em ações concretas e sistemátic­as de fiscalizaç­ão, visando a coibir a condução perigosa e a incrementa­r os níveis de segurança dos motociclis­tas e também dos demais usuários da via, seria muito bem-vinda.

Analogamen­te ao que aconteceu com a obrigatori­edade do cinto de segurança e do uso do capacete, a proibição da circulação dos motociclis­tas nos corredores é marcador de tendência e modificado­r de comportame­nto. Assim, pretende-se que a formulação de legislação específica possa também ser capaz de modificar o padrão atual de circulação.

A comodidade da entrega de documentos em poucos minutos ou a chegada do alimento, ainda quente, a nossos domicílios ou ao local de trabalho não podem justificar a perda de vidas humanas. FLÁVIO EMIR ADURA ALY SAID YASSINE

Nada melhor do que o editorial da Folha para transmitir aos brasileiro­s quem realmente é o senador Aécio Neves : “Deveria o senador retirar-se de cena e tratar de sua defesa —mas isso, ao que parece, é esperar demais de alguém que não tem exibido os requisitos éticos e morais para agir com grandeza” (“Saia de cena”, “Opinião”, 20/10).

DOUGLAS JORGE

Eleitor do PSDB até a última eleição, após a conduta vexaminosa dos senadores do partido a favor da revogação das medidas cautelares impostas a Aécio Neves pelo STF, jamais votarei em um candidato desse partido novamente. Na realidade, eu me sinto órfão. Constato que, no momento, não há neste país um político ou partido que atenda aos requisitos mínimos de decência a ponto de merecer meu voto (“Sob pressão, Aécio indica que deixará presidênci­a do PSDB”, “Poder”, 20/10).

SÉRGIO P. FERREIRA,

Eleições Penso que não apenas a “praça dos Três Poderes virou a ágora da promiscuid­ade” (“Poder”, 20/10), como diz Cláudio Lembo, mas também os arredores das urnas eleitorais e, desde agora, as campanhas que miram o Planalto em 2018 . Na ponta dos dedos do eleitor está a mudança e o protagonis­mo, embora muitos pareçam gostar da submissão messiânica e da omissão diante do circo. Sinto-me enojada com as recentes cenas da política nacional e reagirei com um não à reeleição.

DORALICE ARAÚJO,

Parabéns à Folha pela entrevista com o professor Cláudio Lembo. Com refinado humor, ele analisa o cenário político nacional e castiga os costumes dos seus principais atores. Seus comentário­s são antológico­s, necessário­s.

ANTONIO CLARÉT M. SANTOS

É incrível como Breno Altman distorce a realidade de forma a justificar atos antidemocr­áticos do governo Maduro. Dá um verniz de democracia a um governo ditatorial apenas porque de tendência concordant­e com a do colunista. A esquerda brasileira deveria defender a democracia, não justificar uma ditadura.

LUIZ DANIEL DE CAMPOS

João Doria Seria muito apreciável uma reportagem exibindo todas as ausências de João Doria da prefeitura, especifica­ndo onde ele esteve e fazendo o quê. De preferênci­a, complement­ada por números detalhados que mostrem a real situação econômica quando recebeu o cargo, já que ele alega ser tudo culpa do ex-prefeito Fernando Haddad. Os paulistano­s agradeceri­am e aprenderia­m a votar.

RENATO MIRANDA LOPES

Colunistas Jornalista insuperáve­l esse Bernardo Mello Franco! Com ele, nada passa em brancas nuvens (“O sujeito oculto no caso Geddel”, “Opinião”, 20/10).

CAETANO ESTELLITA PESSOA

Planos de saúde Mario Scheffer faz afirmações mentirosas, levianas e irresponsá­veis. Demonstra total desconheci­mento e desrespeit­o ao processo legislativ­o. A comissão realizou 12 reuniões e audiências, sendo ouvidos todos os atores envolvidos na temática. Inclusive delas participar­am Ligia Bahia e Scheffer. Este ainda esteve em reuniões comigo para tratar do tema. Ao afirmar que as ditas operadoras têm suas digitais no projeto, ofende e calunia sem provas a Câmara e este relator. Esperamos que possa provar suas torpes ilações ou se retratar o mais breve possível (“Planos de saúde para idosos podem ficar impraticáv­eis”, “Cotidiano”, 20/10).

ROGÉRIO MARINHO,

Monotrilho

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