Proibir corredor vai matar mais gente
É pura ingenuidade achar que a proibição do tráfego de motocicletas no corredor vá salvar vidas. Qual setor econômico perde com o veículo de duas rodas como principal alternativa de mobilidade urbana?
Na ponta do lápis, o veículo de duas rodas tem menor custo de aquisição e de manutenção, consome menos combustível, polui menos o meio ambiente, ocupa pouco espaço na via pública e não fica parado em congestionamento.
Interessante que há mapeamento de acidentes e mortes no trânsito; todavia, nada se fala das causas. Qual a causa?
Após estudo, Nova Gales do Sul, na Austrália, legalizou o corredor. A Califórnia (EUA) também o fez após constatar, por meio de pesquisa da Universidade de Berkeley, que, dos 6.000 acidentes registrados entre outubro de 2012 e agosto de 2013, apenas 3% envolveram motocicletas no corredor; nos outros 97%, houve abalroamento traseiro (com a motocicleta ora sendo atingida, ora atingindo outro veículo) ou a moto ficou entre dois automóveis, muitas vezes com esmagamento e morte do condutor.
Na Espanha, que se tornou exemplo por reduzir em 56% a mortalidade nas suas vias de tráfego entre 2005 e 2011, constatou-se em 2009, por meio de pesquisa, que a cada 10 acidentes entre automóveis e motocicletas, em 7 a culpa era do motorista do automóvel.
Antes de proibir o uso do corredor, que tal o poder público cumprir seu dever?
Película escura: o agente de trânsito não está equipado para verificar a transmitância luminosa, como determina a resolução 254/07 do Contran para dar cumprimento à resolução 253/07, que regulamenta o inciso III do artigo 111 do Código de Trânsito Brasileiro. O escurecimento do habitáculo elimina a visibilidade periférica do motorista, que deixa de enxergar motociclistas e ciclistas no corredor.
A película nos vidros traseiros prejudica ainda a visibilidade de outros condutores, dificultando antecipar uma frenagem, por exemplo, causando engavetamento. Recomendo a leitura do estudo “Contrast sensitivity”, de Cynthia Owsley, do Departamento de Oftalmologia da Universidade do Alabama.
Celular: deve-se criminalizar seu uso ao volante (de modo equiparável ao consumo de álcool), especialmente encorajado pela película escura. É crucial triangular os sinais do celular para saber se este era utilizado no momento do acidente.
Faixas de rolamento: em 2006, a avenida 23 de Maio, na cidade de São Paulo, teve a faixa de rolamento diminuída de 3,5 metros (padrão mundial) para 2,6 metros de largura, para a criação da quinta faixa. Resultado: aumento de acidentes com motocicletas.
Velocidade no corredor: é necessária a consciência de que deve ser moderada; com o trânsito totalmente parado, não deve ultrapassar 40 km/h, e com o trânsito em movimento não deve ser superior a 30% da mantida pelos outros veículos. Basta o condutor da motocicleta contar até três: se já ultrapassou o automóvel, é porque está rápido demais. A fiscalização é crucial e há tecnologia para detectar isso.
O veículo de duas rodas tem uma dinâmica muito diferente. O piloto precisa ter visibilidade; ficar atrás de um automóvel prejudica possíveis ações preventivas, como desviar de obstáculos.
É necessário regulamentar o corredor. Afirmo: proibir vai matar mais gente! ANDRÉ GARCIA
Em tese, concordo com Ciro Gomes. Marina Silva está aquém das necessidades atuais do país —está mais para o reino da Dinamarca. Por outro lado, ele, Ciro, também não está à altura. Temperamental extremado, seria como aquela história do macaco na loja de louças. Deparamo-nos, pois, com a indefectível escolha de Sofia (“Ciro fala de Marina e diz que momento é de ‘testosterona’”, “Poder”, 20/10).
MAHMUD AHMED
Eduardo Cunha Lamentável o fato de a Folha conceder um espaço tão privilegiado a Eduardo Cunha, figura absolutamente nefasta ao país (“O direito das ruas”, Tendências/Debates. 19/10). Protesto!
NEWTON CESAR BALZAN
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Em “Monotrilho de Alckmin até Congonhas dará prejuízo” (“Cotidiano”, 19/10), o jornal compara a tarifa da linha 4 com a das linhas 5 e 17 de forma equivocada. O valor de R$ 4,03 da linha 4 é a tarifa por passageiro exclusivo transportado, o que representa 10% do total de viajantes na linha. A concessionária recebe efetivamente pela média de passageiros exclusivos e integrados o valor de R$ 2,21.
CARLOS A. SILVA,
A RESPOSTA DO JORNALISTA FABRÍCIO LOBEL - reportagem utilizou esses dados apenas para efeito de comparação. Já o dado agora apresentado pelo governo (R$ 2,21) só reforça a diferença entre o custo de operação do monotrilho (de R$ 6,71 por passageiro) e o de outras linhas do metrô de São Paulo.