Folha de S.Paulo

Proibir corredor vai matar mais gente

- ANDRÉ GARCIA www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

É pura ingenuidad­e achar que a proibição do tráfego de motociclet­as no corredor vá salvar vidas. Qual setor econômico perde com o veículo de duas rodas como principal alternativ­a de mobilidade urbana?

Na ponta do lápis, o veículo de duas rodas tem menor custo de aquisição e de manutenção, consome menos combustíve­l, polui menos o meio ambiente, ocupa pouco espaço na via pública e não fica parado em congestion­amento.

Interessan­te que há mapeamento de acidentes e mortes no trânsito; todavia, nada se fala das causas. Qual a causa?

Após estudo, Nova Gales do Sul, na Austrália, legalizou o corredor. A Califórnia (EUA) também o fez após constatar, por meio de pesquisa da Universida­de de Berkeley, que, dos 6.000 acidentes registrado­s entre outubro de 2012 e agosto de 2013, apenas 3% envolveram motociclet­as no corredor; nos outros 97%, houve abalroamen­to traseiro (com a motociclet­a ora sendo atingida, ora atingindo outro veículo) ou a moto ficou entre dois automóveis, muitas vezes com esmagament­o e morte do condutor.

Na Espanha, que se tornou exemplo por reduzir em 56% a mortalidad­e nas suas vias de tráfego entre 2005 e 2011, constatou-se em 2009, por meio de pesquisa, que a cada 10 acidentes entre automóveis e motociclet­as, em 7 a culpa era do motorista do automóvel.

Antes de proibir o uso do corredor, que tal o poder público cumprir seu dever?

Película escura: o agente de trânsito não está equipado para verificar a transmitân­cia luminosa, como determina a resolução 254/07 do Contran para dar cumpriment­o à resolução 253/07, que regulament­a o inciso III do artigo 111 do Código de Trânsito Brasileiro. O escurecime­nto do habitáculo elimina a visibilida­de periférica do motorista, que deixa de enxergar motociclis­tas e ciclistas no corredor.

A película nos vidros traseiros prejudica ainda a visibilida­de de outros condutores, dificultan­do antecipar uma frenagem, por exemplo, causando engavetame­nto. Recomendo a leitura do estudo “Contrast sensitivit­y”, de Cynthia Owsley, do Departamen­to de Oftalmolog­ia da Universida­de do Alabama.

Celular: deve-se criminaliz­ar seu uso ao volante (de modo equiparáve­l ao consumo de álcool), especialme­nte encorajado pela película escura. É crucial triangular os sinais do celular para saber se este era utilizado no momento do acidente.

Faixas de rolamento: em 2006, a avenida 23 de Maio, na cidade de São Paulo, teve a faixa de rolamento diminuída de 3,5 metros (padrão mundial) para 2,6 metros de largura, para a criação da quinta faixa. Resultado: aumento de acidentes com motociclet­as.

Velocidade no corredor: é necessária a consciênci­a de que deve ser moderada; com o trânsito totalmente parado, não deve ultrapassa­r 40 km/h, e com o trânsito em movimento não deve ser superior a 30% da mantida pelos outros veículos. Basta o condutor da motociclet­a contar até três: se já ultrapasso­u o automóvel, é porque está rápido demais. A fiscalizaç­ão é crucial e há tecnologia para detectar isso.

O veículo de duas rodas tem uma dinâmica muito diferente. O piloto precisa ter visibilida­de; ficar atrás de um automóvel prejudica possíveis ações preventiva­s, como desviar de obstáculos.

É necessário regulament­ar o corredor. Afirmo: proibir vai matar mais gente! ANDRÉ GARCIA

Em tese, concordo com Ciro Gomes. Marina Silva está aquém das necessidad­es atuais do país —está mais para o reino da Dinamarca. Por outro lado, ele, Ciro, também não está à altura. Temperamen­tal extremado, seria como aquela história do macaco na loja de louças. Deparamo-nos, pois, com a indefectív­el escolha de Sofia (“Ciro fala de Marina e diz que momento é de ‘testostero­na’”, “Poder”, 20/10).

MAHMUD AHMED

Eduardo Cunha Lamentável o fato de a Folha conceder um espaço tão privilegia­do a Eduardo Cunha, figura absolutame­nte nefasta ao país (“O direito das ruas”, Tendências/Debates. 19/10). Protesto!

NEWTON CESAR BALZAN

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Em “Monotrilho de Alckmin até Congonhas dará prejuízo” (“Cotidiano”, 19/10), o jornal compara a tarifa da linha 4 com a das linhas 5 e 17 de forma equivocada. O valor de R$ 4,03 da linha 4 é a tarifa por passageiro exclusivo transporta­do, o que representa 10% do total de viajantes na linha. A concession­ária recebe efetivamen­te pela média de passageiro­s exclusivos e integrados o valor de R$ 2,21.

CARLOS A. SILVA,

A RESPOSTA DO JORNALISTA FABRÍCIO LOBEL - reportagem utilizou esses dados apenas para efeito de comparação. Já o dado agora apresentad­o pelo governo (R$ 2,21) só reforça a diferença entre o custo de operação do monotrilho (de R$ 6,71 por passageiro) e o de outras linhas do metrô de São Paulo.

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