Folha de S.Paulo

Madri quer antecipar eleição na Catalunha para conter secessão

Partidos fecham acordo para propor medida e estancar crise

- DIOGO BERCITO

O governo espanhol e sua principal oposição, o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), chegaram a um acordo para antecipar eleições na Catalunha, possivelme­nte para janeiro de 2018.

A ideia será discutida neste sábado (21) em reunião do conselho de ministros. Se aprovada pelo Senado, onde o governo tem maioria, em votação prevista para o dia 27, dará andamento ao chamado Artigo 155 da Constituiç­ão, acionado para conter o projeto separatist­a catalão.

O anúncio pode agravar ainda mais a mais grave crise política espanhola desde a redemocrat­ização, em 1975. O governo regional catalão não aceita antecipar as eleições, hoje previstas para o fim de 2019.

Há negociaçõe­s entre o governo e o PSOE para incluir entre as medidas definidas neste sábado intervençõ­es pontuais na autonomia catalã, como assumir o comando temporário da polícia local, que segundo Madri descumpriu as ordens do governo central de impedir o plebiscito separatist­a catalão, dia 1º de outubro.

Na consulta, apenas 43% dos eleitores catalães votaram, mas 9 em cada 10 votantes apoiaram a secessão.

Além do PSOE, o governo tem apoio do partido de centro-direita Cidadãos. “Chegamos a um acordo com o PSOE e o Cidadãos as medidas pare retornar à legalidade”, afirmou o premiê conservado­r, Mariano Rajoy, que participa da cúpula da União Europeia em Bruxelas. PLEBISCITO ILEGAL O governo de Madri considera ilegais o plebiscito e seus resultados. O premiê espanhol exigiu que Carles Puigdemont, o líder catalão, voltasse atrás de uma declaração de independên­cia feita no último dia 10 e imediatame­nte suspensa por ele mesmo. Em vez disso, Puigdemont, ameaçou com uma votação no Parlamento regional para declarar formalment­e a separação desse território.

Diante das negativas catalãs, o governo central deu continuida­de aos planos de implementa­r o Artigo 155.

Protestos de separatist­as estão convocados pata ocorrer em Barcelona neste sábado, coincidind­o com a reunião de gabinete em Madri.

Nesta sexta (20), grupos independen­tistas protestara­m e retiraram dinheiro dos bancos Sabadell e CaixaBank, que decidiram neste mês transferir suas sedes para fora da Catalunha diante da instabilid­ade jurídica da região, que passou a sofrer um êxodo de empresas.

“Lembrem-se de que este é o seu dinheiro”, dizia uma mensagem chamando ao protesto.

Em 20 dias, já somam quase mil as firmas que deixaram a Catalunha, incluindo marcas conhecidas como a editora Planeta e a produtora de espumantes Codorníu.

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Ivan Alvarado/Reuters Em novo protesto, adesivos em Barcelona defendem como democrátic­a separação catalã

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