Indígenas vindos da Venezuela se espalham e já chegam a Belém
Para ajudar parentes sem comida e remédios no país vizinho, índios deixam abrigo em Manaus
Waraos já são ao menos 112 na capital paraense; famílias dizem que, no Amazonas, as doações começaram a escassear
Em busca de dinheiro para financiar comida e medicamentos a seus parentes na Venezuela, indígenas da etnia warao, que começaram a chegar ao Brasil nos últimos meses do ano passado, estão deixando abrigos em Manaus para se arriscarem nas principais cidades do Pará.
Em Belém, onde começaram a chegar em junho, há 70 waraos, dos quais 40 acampados no mercado Ver-o-Peso, no centro. Ali, saem para pedir dinheiro ou passam o dia sob árvores. À noite, dormem nas barracas fechadas. Um bebê morreu depois de contrair pneumonia.
Há também em torno de 40 waraos em Santarém (PA), onde estão em um espaço cedido pela Igreja Católica.
“É necessário que o poder público tome uma atitude urgente. Estão em situação de rua, e está se agravando”, diz a antropóloga Marlise Rosa, doutoranda da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Rosa, que está em Belém, afirma que os waraos têm sido vítimas de roubos frequentes e de ofensas xenófobas. A região tem considerável população de rua e à noite é ponto de consumo de drogas.
Por outro lado, há 237 waraos em Manaus, segundo números da Secretaria de Justiça do Amazonas —em meados deste ano, o número chegou a cerca de 600.
Segundo waraos ouvidos pela Folha na cidade, o motivo da ida ao Pará é que, ao mesmo tempo que as condições melhoraram na capital do Amazonas, ficou mais difícil arrecadar dinheiro para