Maduro eleva tom contra países críticos
DE SÃO PAULO
Os governos do Brasil e de mais 11 países das Américas se reunirão na quinta (26) para discutir como pressionar o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, em meio à escalada verbal entre o regime e mandatários que o criticam.
O tom subiu após as eleições para governador do dia 15, vencidas pelo regime em 18 dos 23 Estados. O chavista e aliados atacaram países que o acusaram de irregularidades na votação, pediram auditoria do processo ou não reconheceram os resultados.
O principal alvo foi o Canadá. Maduro convocou seu embaixador em Ottawa para consultas depois que a chanceler do país, Chrystia Freeland, acusou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de atuar “totalmente de acordo com os desejos do governo”.
Foram os norte-americanos que convocaram o Grupo de Lima —de países que não reconhecem a Constituinte— para a reunião em Toronto. Freeland afirmou que a intenção é “aumentar a pressão” sobre o regime chavista.
“Nosso objetivo é claro: nós queremos implementar uma solução pacífica à crise, o restabelecimento da democracia e o respeito aos direitos humanos.”
Outra tática da ditadura para responder aos rivais foi atacar seus sistemas eleitorais. O chanceler, Jorge Arreaza, disse que os cidadãos da Colômbia votam “com uma metralhadora apontada para as costas”.
Já Maduro arremeteu contra Michel Temer, que chama de ilegítimo por considerar o impeachment de Dilma Rousseff um golpe. “Que moral tem o presidente golpista do Brasil para vir auditar o processo eleitoral da Venezuela.”
Ao espanhol Mariano Rajoy, evocou a crise após o plebiscito na Catalunha. “O governo da Espanha não tem moral, reprimiu o povo da Catalunha, [...], tem presos políticos, persegue o povo catalão.”
O sistema eleitoral dos EUA também foi alvo. “Chamam a atenção os insolentes questionamentos e a dupla moral [...], esse país tem um sistema anacrônico, elitista e com escassos mecanismos de verificação”, disse a Chancelaria.