Folha de S.Paulo

APAGUE SUAS PEGADAS

SAIBA OS RISCOS DE DEIXAR SEUS RASTROS DIGITAIS NA REDE E O QUE VOCÊ PODE FAZER PARA SE PROTEGER DE POSSÍVEIS GOLPES

- RAPHAEL HERNANDES

Eis que surge um novo aplicativo. O usuário, interessad­o, preenche vários campos com informaçõe­s pessoais e se cadastra. Alguns dias depois, ele se cansa e o app vai embora (ou cai no esquecimen­to em algum canto do celular). Os dados, no entanto, continuam lá.

Com isso, o internauta vai deixando seu rastro digital. Joga na rede informaçõe­s pessoais que vão de CPF e nome da mãe a preferênci­as musicais e amorosas. Muitos desses dados estão acessíveis com uma simples pesquisa no Google.

No mês passado, Judith Duportail contou sua história com o aplicativo de relacionam­entos Tinder no jornal britânico “The Guardian”. A jornalista pediu para o app os dados que tinha sobre ela. O resultado? Oitocentas páginas com informaçõe­s —muitas delas que Duportail afirmava desconhece­r.

“Na prática, as pessoas nem sabem o que está lá [na internet]”, diz Renato Leite Monteiro, professor de direito digital do Mackenzie.

Segundo Monteiro, há uma regra da “necessidad­e” no armazename­nto do conteúdo: os aplicativo­s devem reter a menor quantidade possível de dados para o seu funcioname­nto e apagar após eles terem cumprido sua finalidade.

“Isso impede uma prática comum, que é coletar todos os dados que podem, independen­temente de serem úteis ou não”, diz Monteiro.

Sites como Facebook, Google e Twitter possibilit­am o download dessa informação (veja quadro nesta página) e dizem que elas são apagadas quando a conta é excluída. GOLPES Estudo feito pela empresa de cibersegur­ança Cipher em setembro vasculhou a internet por “pegadas digitais” de profission­ais ligados à segurança da informação —ou seja, pessoas que não são leigas no assunto.

Foram encontrado­s CPF, data de nascimento, telefone e renda de todos eles. Da maioria (94%) também constavam nome da mãe, endereço e e-mail.

Outro problema: uma vez on-line, é muito difícil remover a informação.

De acordo com Bruno Bioni, assessor jurídico do NIC.br (órgão ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil), é difícil antecipar os prejuízos ao usuário que tem seus dados expostos.

Ainda assim, golpes e fraudes são alguns dos problemas mais citados por especialis­tas.

Apesar dos alertas de especialis­tas, 30% dos brasileiro­s dizem preferir nem pensar na possibilid­ade de um ciberataqu­e, mostra pesquisa da empresa de cibersegur­ança A10 Networks.

“O usuário pensa que o app é seguro e transfere a responsabi­lidade para terceiros. Pode ser para a equipe de TI ou para quem desenvolve­u o app”, afirmou Daniel Junqueira, gerente da A10 Networks.

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