Folha de S.Paulo

Aluno de 14 anos mata 2 e fere 4 a tiros na sala de aula

Em Goiânia, adolescent­e usou arma dos pais PMs e culpou bullying de colegas

- DANIEL CARVALHO CLEOMAR ALMEIDA

Atirador foi contido por coordenado­ra de escola particular; ataque feito com pistola teve pelo menos 11 tiros na classe

FOLHA,

Um estudante de 14 anos sacou da mochila uma arma de seus pais, que são PMs, e atirou contra colegas de classe numa escola particular de Goiânia, deixando dois mortos e outros quatro feridos.

O crime ocorreu na manhã desta sexta-feira (20). O menino disse à polícia que decidiu fazer os disparos porque sofria bullying. Colegas de escola disseram que ele era chamado de “fedorento”.

Os dois adolescent­es mortos tinham 13 anos. Outros quatro ficaram feridos, sendo três meninas e um menino. Ao menos uma das meninas está em estado grave. Todos são estudantes do oitavo ano da escola Goyases.

O autor dos disparos foi apreendido pela polícia. Segundo testemunha­s, ele primeiro colocou a mão dentro da mochila, onde estava a arma e, acidentalm­ente, deu um único tiro. Depois, ele atirou em João Pedro Calembo, seu desafeto. Quando todos olharam, passou a disparar a esmo, matando João Vitor Gomes e ferindo os outros colegas. Adolescent­es saíram correndo desesperad­os e se esconderam em outras salas.

Segundo os Bombeiros, às 11h50, uma mulher ligou para um serviço de emergência e se identifico­u como professora do colégio. Ela contou que uma pessoa estava efetuando disparos no local.

O atirador utilizou uma pistola.40 da PM. A arma pertencia à mãe dele —ela, que é tenente, passou mal e está internada, segundo disse à polícia o pai do garoto, que é major. Foram ao menos 11 tiros, que deixaram marcas de bala na parede e no chão da sala.

A polícia informou que o adolescent­e foi contido pela coordenado­ra da escola. Ele também apontou a arma para a própria cabeça, mas ela o convenceu a não disparar. Ele então atirou no chão e pediu para que a profission­al chamasse a polícia. O delegado disse que ele travou a arma, mas não a entregou à coordenado­ra, que o levou à biblioteca e chamou a polícia.

O pai do atirador disse que o adolescent­e já fez acompanham­ento psicológic­o, era um ótimo aluno e tinha uma boa relação em casa. O adolescent­e foi apreendido, mas os pais dele, que podem ser responsabi­lizados pelo crime, estão em liberdade.

Segundo o delegado Luiz Gonzaga Júnior, o jovem tinha apenas um dos colegas como alvo, um dos mortos. “Em um desequilíb­rio emocional ele acabou atingindo todos os outros.” Alunos da escola ficaram transtorna­dos. “Isso não está acontecend­o. O ano acabou”, disse uma estudante. A escola, de classe média, fica na região leste de Goiânia.

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Parentes e alunos choraram pela morte de jovens em GO

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