Escolha das diferentes entradas é arbitrária, e o desenvolvimento não é exaustivo.
ESPECIAL PARA A FOLHA
Elisabeth Roudinesco, 73, é historiadora da psicanálise e professora na École Pratique des Hautes Études em Paris. Lança, em seu país, o “Dictionnaire Amoureux de la Psychanalyse” (dicionário amoroso da psicanálise), edição conjunta da Plon e da Seuil. Não há previsão de lançamento da obra no Brasil.
No seu novo “dicionário amoroso”, reflete sobre diferentes temas a fim de mostrar como a psicanálise se nutriu de literatura, cinema, teatro, viagem e mitologia para se tornar uma cultura universal.
Em entrevista à Folha em Paris, trata de sua predileção por dicionários e listas, defende o fim de sessões com menos de 15 minutos (“charlatanismo”) e afirma que as famílias não vão acabar.
Ela se debruçou sobre livros e textos (como “A Consciência de Zeno”, “O Segundo Sexo”); sobre figuras como Sherlock Holmes e Marilyn Monroe; sobre cidades e a relação com a psicanálise (como Nova York, Buenos Aires, Rio).
Há no dicionário uma extensa lista de palavras e experiências que permitem traçar a história e a geografia da psicanálise, uma aventura do espírito em permanente metamorfose. Optou por abordar temas (amor,angústia)emvezdeconceitos (como o inconsciente).
Para Roudinesco, a psicanálise é uma das aventuras mais fortes do século 20, uma revolução da vida íntima fundada na atualização dos grandes mitos da Grécia antiga. Afirma que, apesar de ser determinado por um destino, o homem pode se liberar das suas pulsões graças a uma exploração das suas fantasias e dos seus sonhos.
A historiadora escreveu diversos livros que marcaram época, como “A Família em Desordem” e “Dicionário de Psicanálise” (este com Michel Plon), entre outros títulos traduzidos no Brasil. Como escolheu as entradas?
Fiz uma primeira lista e, depois, fui escolhendo à medida que escrevia. Decidi que não haveria conceitos —inconsciente, consciência—, somente temas —angústia, amor, eros, Édipo. Decidi só falar dos protagonistas do movimento psicanalítico ao abordar as cidades. Também falo de filmes, escritores, romances, personagens de um romance que a gente encontra noutro. que há um mosaico de grupos de psicanálise e que cada um pretende ser o bom em detrimento dos outros. Acrescenta que a cultura psicanalítica só existe por ser plural e que, para compreendê-la, é necessário tirar da cabeça a ideia de escola superior. O que isso significa?
Quando comecei a escrever sobre psicanálise, em 1982, me dei conta de que a riqueza do movimento psicanalítico francês se devia à multiplicidade de grupos. Depois, verifiquei que era assim em outros países.