Folha de S.Paulo

Banda Corte apresenta em show sua experiment­ação barulhenta

Reunião de nomes da cena indie paulistana flerta com rock e jazz

- THALES DE MENEZES

O nome da banda é uma escolha bem adequada: Corte. Porque o grupo realmente corta relações com o som que seus integrante­s costumam exibir na cena independen­te paulistana. O álbum de estreia, homônimo e autoproduz­ido, surpreende. E agrada.

Neste sábado (21), Corte lança oficialmen­te o disco, pelo selo YB Music, em show no Sesc Pompeia. O público poderá conhecer o projeto iniciado por Marcelo Dworecki e Alzira E, que trabalham juntos desde 2012, em vários discos e shows. Mas tinham transitado até agora por uma MPB com injeção de experiment­ação. Nada como o Corte.

“Depois do período de shows de ‘O Que Vim Fazer Aqui’, disco da Alzira de 2014, eu queria fazer uma coisa que não cabia nos outros grupos nos quais eu trabalhava, que é esse som pesado, uma sonoridade mais barulhenta, ruidosa”, conta Dworecki, que é baixista do combo dançante Bixiga 70 e tem um projeto com um pouco mais de peso, a banda Strombólic­a.

Corte tem Alzira no vocal e baixo, Dworecki, entre o baixo e a guitarra, e mais três integrante­s: Fernando Thomaz (bateria) e dois músicos de sopro do Bixiga 70, Cuca Ferreira (sax e flauta) e Daniel Gralha (trompete). O baterista também toca na Strombólic­a.

No show no Sesc, Priscila Brigante assume a bateria como convidada especial, porque Thomaz tem apresentaç­ão fora de São Paulo.

Esse cruzamento de integrante­s faz parte de uma cena cooperativ­a que une esses nomes a outros independen­tes, como Peri Pane, Gustavo Galo, Iara Rennó e Trupe Chá de Boldo. “Uma família que exis- te e se ajuda”, opina Alzira.

O som da banda quase esbarra em rock pesado e jazz pouco comportado. “Acho que tem uma coisa de free jazz, de cagar para a harmonia, forçar para soar ruim e ver o que dá”, diz Cuca.

“Eu já tinha algumas músicas que não se encaixavam no meu repertório ‘normal’, então peguei esses bichos e botei pra fora”, conta Alzira.

No disco, ela exibe um vocal mais gutural, grave. As letras, algumas da própria cantora e outras de parceiros habituais como Tiganá Santana e arrudA, têm um tanto de fúria que escorre pelas faixas. Um inconformi­smo, uma proposta de negação que já fica bem clara na música que abre o álbum, “Nada Disso”.]

Corte traz uma música ainda em formação. Mas empolga, é raivosa, estranha, menos palatável do que o som ao redor. Programa para quem não busca conforto e mesmice. “Não era nem o que estava ouvindo nem onde queria chegar. Falhei em todos os sentidos, ”, brinca Dworecki. QUANDO sábado (21), às 21h30 ONDE Sesc Pompeia, r. Clélia, 93, tel. (11) 3871-7700 QUANTO deR$6aR$20

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Bruno Santos/Folhapress Fernando Thomaz, Cuca Ferreira, Alzira E e Marcelo Dworecki

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