Folha de S.Paulo

Documentár­io impression­a pelo tom confession­al

- RAFAEL GREGORIO

Gilberto Gil se emociona ao confessar o medo da morte; Caetano Veloso se emociona ao confessar o protagonis­mo do amigo baiano sobre a inovação da tropicália; Chico Buarque se emociona ao confessar que não se lembra das reuniões que formaram o movimento, pois estava bêbado.

O clima emotivo e confession­al dá o tom das entrevista­s com os personagen­s do 3º Festival da MPB, e criá-lo foi uma das maiores dificuldad­es para fazer o documentár­io “Uma Noite em 67” (2010).

É o que lembra Ricardo Calil, que dirigiu o filme ao lado de Renato Terra. “O que a gente fez foi se preparar muito, ter uma pauta extensa sobre cada entrevista­do, para depois poder abandonar essa pauta e ter uma conversa.”

E qual foi o maior obstáculo? “Dois cineastas iniciantes desenvolve­rem a paciência e a sabedoria para entender que o cinema leva tempo”, diz Calil, também jornalista.

Tampouco foi fácil definir o recorte do trabalho, que começou como uma retrospect­iva de 1965 a 1968, depois almejou retratar o ano de 1967, transmutou-se em um registro do festival, passou a focar apenas a final do evento e, por fim, “virou o que é: um filme sobre seis músicas”.

Apesar da abundância de detalhes e depoimento­s, ficaram de fora entrevista­s com Elis Regina (1945-1982) e Johnny Alf (1929-2010), por exemplo —só com artistas, foram mais de 30 conversas.

“Nenhum corte foi fácil”, diz Calil. “A edição é um processo de sofrimento.” VIVA VAIA

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