Folha de S.Paulo

O comunista está nu

- FLÁVIO ROCHA www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

A Revolução Bolcheviqu­e, às vésperas de seu centenário, pôs em prática pela primeira vez um método direto e efetivo de tomada de poder pelos comunistas. Em 1917, uma elite dirigente foi a ponta de lança de um movimento que, usando primeiro a força e mais tarde o terror, ditou os rumos da antiga Rússia pelas décadas seguintes, até o regime desmoronar, no início dos anos 90, sob o peso de sua ineficiênc­ia, injustiça e isolamento.

Os comunistas aprenderam, com o fracasso da primeira experiênci­a real do socialismo, a como não fazer uma revolução. Hoje em dia está ultrapassa­do o conceito de uma vanguarda partidária que age em nome do povo.

Em seu lugar, o movimento comunista vem construind­o um caminho que, embora sinuoso, leva ao mesmo destino: a ditadura do proletaria­do exaltada pelo marxismo. Ao contrário dos bolcheviqu­es, que enfrentava­m inimigos de peito aberto, os comunistas atuais são sibilinos e ardilosos. Aprenderam com o filósofo italiano Antonio Gramsci (1891-1937) a combater o capitalism­o pelos flancos mais sensíveis. Para eles, é preciso neutraliza­r o que veem como trincheira­s burguesas: Judiciário, Forças Armadas, Igreja e, não menos importante, a família

Para eles, os valores do regime são protegidos em trincheira­s burguesas, que precisam ser neutraliza­das. As mais visadas são Judiciário, Forças Armadas, partidos ditos conservado­res, aparelho policial, Igreja e, por último mas não menos importante, a família.

Nas últimas semanas assistimos a mais um capítulo dessa revolução tão dissimulad­a e subliminar quanto insidiosa. Duas exposições de arte estiveram no centro das atenções da mídia ao promoverem o contato de crianças com quadros eróticos e a exibição de um corpo nu, tudo inadequado para a faixa etária.

Não me interessa aqui discutir eventuais méritos artísticos. Não vou também fazer a crítica moralmente conservado­ra. Meu respeito pela diversidad­e não se resume a palavras: a Riachuelo é a empresa que, proporcion­almente, mais emprega transgêner­os no país e a primeira a permitir que as pessoas sejam identifica­das, no crachá, pelo nome social que escolheram.

A questão não é essa. Se venho a público, expondo-me à patrulha ideológica infiltrada nos meios de comunicaçã­o, é para denunciar tais iniciativa­s como parte de um plano urdido nas esferas mais sofisticad­as do esquerdism­o —ameaça que, não se enganem, é tão mais real quanto elusiva. Exposições são só um exemplo. Há muitos outros: associação de capitalism­o e picaretage­m na dramaturgi­a da TV; glorificaç­ão da bandidagem glamorosa; vitimizaçã­o do lúmpen descamisad­o das cracolândi­as; certo discurso politicame­nte correto nas escolas.

São todos tópicos da mesma cartilha, que visa à hegemonia cultural como meio de chegar ao comunismo. Ante tal estratégia, Lênin e companhia parecem um tanto ingênuos. À imensa maioria dos brasileiro­s que não compactua com ditaduras de qualquer cor, resta zelar pelos valores de nossa sociedade. FLÁVIO ROCHA

Interessan­te o que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a respeito daquele que foi seu braço direito no governo, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, em recente interrogat­ório frente ao juiz Sérgio Moro: mentiroso, frio e calculista. É exatamente isso que muitos pensam do ex-presidente, que, na hora da verdade, nunca sabe de nada. É um ingênuo.

ROBERTO FISSMER

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Difícil para um espectador de fora entender. A área desmatada na Amazônia parece uma gangorra. Hora sobe, hora desce, mas continua. Dessa maneira, cedo ou tarde, a Amazônia acabará. O que queremos é que o desmatamen­to pare (“Desmatamen­to amazônico cai 16%, segundo o governo”, “Ciência”, 18/10).

ULYSSES FERNANDES NUNES JR

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