Fortalecido após eleição, Macri diz que dará continuidade a reformas
Coligação de presidente argentino conquista maior bancada, mas não consegue obter maioria
Atrás em disputa pelo Senado da província de Buenos Aires, Cristina prevalece entre seus rivais peronistas
Mauricio Macri surgiu para a entrevista coletiva na manhã desta segunda (23) na Casa Rosada, sede do governo argentino, com um sorriso e olheiras que indicavam o pouco sono desde o fim da contagem de votos da eleição legislativa da véspera.
A vitória de sua aliança, Mudemos, no domingo (22), deixou o presidente argentino fortalecido e com mais facilidade para aprovar projetos e reformas em seus dois anos restantes de mandato.
Este foi o tema central da entrevista. “A Argentina não precisa temer as reformas, pois elas representam oportunidade de crescer”, disse.
Explicou que os aumentos das tarifas de serviços, que tiveram subsídios durante os 12 anos de governo dos Kirchner, continuarão ocorrendo —“eu nunca os enganei, sempre disse que eram necessários”— e permanecerão sendo implementados “da forma mais gradual possível”.
Tratou, também, da reforma trabalhista que já está em curso por meio de acordos feitos por setores da economia, mas que contemplam flexibilização de contratos de trabalho, entre outros itens. “Nossa obsessão é criar trabalho, formalizar trabalhadores do mercado informal [cerca de 30%], e por isso vamos seguir fazendo acordos sobre reformas com distintos setores.”
Celebrou, ainda, os números da economia, que nas últimas semanas têm mostrado a retomada do crescimento e o reaquecimento de alguns setores. Pediu que o Congresso aprove o mais rápido possível o Orçamento do ano que vem, enviado em setembro, que inclui um corte gradual do deficit fiscal em 2018.
Apesar de ter ampliado o número de congressistas nas províncias mais importantes, como Córdoba, Santa Fé e Buenos Aires, e se expandido por territórios tradicionais do peronismo, como o Chaco e La Rioja, o Mudemos seguirá tendo de fazer alianças para aprovar leis.
O mapa do novo Congresso mostra a coalizão de Macri com a maior bancada, mas apenas enquanto o peronismo continuar dividido, como está agora, em distintos blocos: Partido Justicialista, kirchneristas, Frente Renovadora e outros grupos menores. Se esses blocos se unissem, passariam a ter maioria. CRISTINA
“Foi uma grande batalha para Macri. A ex-presidente Cristina Kirchner obteve uma quantidade de votos insuficiente para ganhar, mas suficiente para seguir obstruindo a renovação do peronismo”, diz o analista Carlos Pagni.
De fato, apesar de chegar ao Senado em segundo lugar na província de Buenos Aires, Cristina foi a única entre os candidatos peronistas a ter mais votos no domingo do que nas primárias em agosto.
“Isso marcou uma derrota inesperada para Juan Manuel Urtubey [governador de Salta] e Sergio Massa [ex-chefe de gabinete de Cristina], que se colocavam como candidatos de renovação e reunificação do peronismo para as eleições de 2019”, disse à Folha o cientista político Federico Finchelstein.
“Ter Cristina como rival é o melhor que poderia acontecer a Macri, porque garante que o peronismo continue Kirchnerismo* Partido Justicialista* 1País* CÂMARA Mudemos Kirchnerismo* Partido Justicialista* 1País* 26 77 33