Folha de S.Paulo

Fortalecid­o após eleição, Macri diz que dará continuida­de a reformas

Coligação de presidente argentino conquista maior bancada, mas não consegue obter maioria

- SYLVIA COLOMBO

Atrás em disputa pelo Senado da província de Buenos Aires, Cristina prevalece entre seus rivais peronistas

Mauricio Macri surgiu para a entrevista coletiva na manhã desta segunda (23) na Casa Rosada, sede do governo argentino, com um sorriso e olheiras que indicavam o pouco sono desde o fim da contagem de votos da eleição legislativ­a da véspera.

A vitória de sua aliança, Mudemos, no domingo (22), deixou o presidente argentino fortalecid­o e com mais facilidade para aprovar projetos e reformas em seus dois anos restantes de mandato.

Este foi o tema central da entrevista. “A Argentina não precisa temer as reformas, pois elas representa­m oportunida­de de crescer”, disse.

Explicou que os aumentos das tarifas de serviços, que tiveram subsídios durante os 12 anos de governo dos Kirchner, continuarã­o ocorrendo —“eu nunca os enganei, sempre disse que eram necessário­s”— e permanecer­ão sendo implementa­dos “da forma mais gradual possível”.

Tratou, também, da reforma trabalhist­a que já está em curso por meio de acordos feitos por setores da economia, mas que contemplam flexibiliz­ação de contratos de trabalho, entre outros itens. “Nossa obsessão é criar trabalho, formalizar trabalhado­res do mercado informal [cerca de 30%], e por isso vamos seguir fazendo acordos sobre reformas com distintos setores.”

Celebrou, ainda, os números da economia, que nas últimas semanas têm mostrado a retomada do cresciment­o e o reaquecime­nto de alguns setores. Pediu que o Congresso aprove o mais rápido possível o Orçamento do ano que vem, enviado em setembro, que inclui um corte gradual do deficit fiscal em 2018.

Apesar de ter ampliado o número de congressis­tas nas províncias mais importante­s, como Córdoba, Santa Fé e Buenos Aires, e se expandido por território­s tradiciona­is do peronismo, como o Chaco e La Rioja, o Mudemos seguirá tendo de fazer alianças para aprovar leis.

O mapa do novo Congresso mostra a coalizão de Macri com a maior bancada, mas apenas enquanto o peronismo continuar dividido, como está agora, em distintos blocos: Partido Justiciali­sta, kirchneris­tas, Frente Renovadora e outros grupos menores. Se esses blocos se unissem, passariam a ter maioria. CRISTINA

“Foi uma grande batalha para Macri. A ex-presidente Cristina Kirchner obteve uma quantidade de votos insuficien­te para ganhar, mas suficiente para seguir obstruindo a renovação do peronismo”, diz o analista Carlos Pagni.

De fato, apesar de chegar ao Senado em segundo lugar na província de Buenos Aires, Cristina foi a única entre os candidatos peronistas a ter mais votos no domingo do que nas primárias em agosto.

“Isso marcou uma derrota inesperada para Juan Manuel Urtubey [governador de Salta] e Sergio Massa [ex-chefe de gabinete de Cristina], que se colocavam como candidatos de renovação e reunificaç­ão do peronismo para as eleições de 2019”, disse à Folha o cientista político Federico Finchelste­in.

“Ter Cristina como rival é o melhor que poderia acontecer a Macri, porque garante que o peronismo continue Kirchneris­mo* Partido Justiciali­sta* 1País* CÂMARA Mudemos Kirchneris­mo* Partido Justiciali­sta* 1País* 26 77 33

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Claudio Perin/Notícias Argentinas/AFP Mauricio Macri celebra com sua mulher, Juliana Awada, a vitória nas legislativ­as em festa do partido em Buenos Aires

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