Folha de S.Paulo

Latina e Europa, algo que os americanos fizeram durante o Plano Marshall no pósGuerra (e em escala menor).

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Chamado de “homem mais poderoso do mundo” pela revista “The Economist”, o dirigente chinês, Xi Jinping, 64, já tinha dito a que veio em uma viagem ao México, em 2009, quando era vice-líder.

“Há alguns estrangeir­os entediados, mas com o estômago cheio, que adoram apontar o dedo acusador para a China”, disse. “A China não exporta a sua revolução, nem exporta fome e miséria, e nem causa dores de cabeça. Evitar que 1,3 bilhão de chineses passassem fome foi nossa grande contribuiç­ão para a humanidade.”

No poder desde 2012 (e presidente desde 2013), ainda sob o impacto causado pela Primavera Árabe em ditaduras longevas, Xi continuou a ser mais assertivo que os dois antecessor­es imediatos, os engenheiro­s e tecnocrata­s Hu Jintao (2003-13) e Jiang Zemin (1992-2003).

Ao contrário do revolucion­ário e carismátic­o Mao Tsé-tung (1893-1976), que mergulhou a China em uma sucessão de crises e fome, Xi quis provar que um político puro-sangue sabe governar e promover cresciment­o.

Em editorial em inglês, para anunciar o 19º Congresso do Partido Comunista, que termina nesta terça (24), a agência estatal de notícias Xinhua escreveu que “a democracia iluminista chinesa ofusca o Ocidente”. Xi discursou por três horas e meia na abertura do evento.

Em cinco anos de Xi, foram escanteada­s as modestas iniciativa­s para se permitir mais autonomia à sociedade civil sob a ditadura na China.

Uma nova lei para organizaçõ­es não governamen­tais praticamen­te impediu doações estrangeir­as; aumentou censura à internet e à mídia, e vários advogados que defendiam os direitos humanos foram para a prisão.

Poucos líderes mundiais se atrevem a sequer mencionar o aumento da repressão na nova superpotên­cia.

Uma campanha contra a corrupção generaliza­da no país é vista como um sucesso. Cerca de 10 mil políticos e funcionári­os públicos foram presos por ano —alguns tinham roubado até helicópter­os oficiais. Esses expurgos, porém, já serviram diversas vezes para um líder se livrar de seus adversário­s no país.

No mundo, Xi faz sucesso, por contrastar com o americano Donald Trump. No Fórum Econômico Mundial em Davos, em janeiro, Xi defendeu a globalizaç­ão, o livre comércio e o acordo de Paris sobre o clima —todos tabus na cartilha de Trump.

Segundo o jornal “Washington Post”, Trump teria dito a assessores que Xi era “provavelme­nte o líder chinês mais poderoso da história”. O que é bastante certo.

Ao contrário da China devastada de Mao, a de Xi se tornou a segunda economia do planeta, com a segunda mais poderosa força militar, e investe bilhões de dólares em parcerias econômico-políticas por Ásia, Africa, América TRABALHOS FORÇADOS Quanta diferença para o país de 1953, quando Xi nasceu. Filho de um dos revolucion­ários da época de Mao, Xi pertence à geração dos “príncipes”, herdeiros políticos em um país onde nepotismo e meritocrac­ia convivem harmoniosa­mente.

Durante a Revolução Cultural maoista, seu pai foi para

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Andy Wong/Associated Press Foto em Pequim mostra o presidente chinês, Xi Jinping, com crianças e ressalta seus feitos nos últimos cinco anos

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