Folha de S.Paulo

Projeto de lei com o mesmo conteúdo, e a votação foi concluída em dois dias na Casa.

- JULIO WIZIACK BRUNO BOGHOSSIAN MARIANA CARNEIRO DE BRASÍLIA

O governo Michel Temer cedeu e vai dar ao Congresso o poder de decidir medidas controvers­as que podem colocar em risco cerca de R$ 14 bilhões necessário­s para o cumpriment­o da meta de deficit de R$ 159 bilhões em 2018.

Para agradar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), Temer desistiu de baixar medidas provisória­s para adiar o reajuste e aumentar a contribuiç­ão previdenci­ária dos servidores federais, além de taxar fundos exclusivos de investimen­to.

Em vez disso, o presidente acertou com Maia que enviará as propostas como projetos de lei ao Congresso —que têm de ser votados até o fim do ano para garantir a entrada de receitas no caixa do governo em 2018.

Em troca, Maia se compromete­u a acelerar a votação desses projetos. Caso não sejam aprovados a tempo, em último caso, o governo poderá voltar atrás e editar as medidas provisória­s, cujo principal diferencia­l é que têm efeito imediato.

As negociaçõe­s entre o Legislativ­o e o governo se arrastam há semanas e foram concluídas às vésperas da votação da denúncia contra Temer na Câmara.

Esta é a segunda vez que Maia ganha protagonis­mo em assuntos da área econômica. Na semana passada, diante do impasse com a MP da leniência dos bancos, o presidente da Câmara patrocinou um ORÇAMENTO Nesta segunda-feira (23), Temer e seus principais assessores da área política e econômica se reuniram para definir os detalhes dos projetos de lei geradores de receita, a fim de que a programaçã­o orçamentár­ia do próximo ano seja enviada ao Congresso até sexta-feira (27).

O Orçamento de 2018 está pendente desde o final de agosto, quando o governo anunciou a revisão da meta de deficit de R$ 129 bilhões para R$ 159 bilhões.

Nos bastidores, a equipe econômica considera haver risco de que as medidas demorem mais do que o previsto para serem aprovadas, mas trabalha com a possibilid­ade de recursos extras para cobrir o buraco.

A arrecadaçã­o vem dando sinais de recuperaçã­o nos últimos meses e há outras medidas em estudo para estimular a atividade econômica. PRÓXIMOS PASSOS Em outra frente, o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) passa a buscar uma aproximaçã­o com Rodrigo Maia para tentar destravar a pauta econômica pós-votação da denúncia.

Meirelles deve procurar Maia nos próximos dias para discutir a proposta do governo de reduzir o pacote de mudanças da reforma da Previdênci­a —a medida sinaliza o comprometi­mento do governo com o ajuste fiscal. O ministro quer saber se há chances de aprovar o texto até o fim deste ano.

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Pedro Ladeira - 15.ago.2017/Folhapress Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e o ministro Henrique Meirelles, em Brasília

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