Bônus a docente não dá resultado, diz Unesco
Monitoramento aponta 264 milhões de crianças e jovens fora da escola no mundo todo
Relatório da Unesco de Monitoramento Global da Educação conclui que sistemas de bônus para professores por desempenho tiveram efeitos prejudiciais.
O documento da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura teve como foco a responsabilidade dos diversos atores para o obter avanço diante dos desafios da educação.
A conclusão, segundo a Unesco, é que, embora a falta de responsabilização possa prejudicar o progresso para a educação, alguns mecanismos podem ser prejudiciais, se mal desenvolvidos.
Nesse sentido, o órgão indica que há poucas evidências de que haja melhora nos sistemas educacionais ao se adotar um processo de responsabilização com base no desempenho —que enfoca os resultados em detrimento dos insumos (condições para o processo de ensino).
Entre os efeitos negativos está a piora da colaboração entre pares, restrição curricular e concentração em matérias abordadas em avaliações.
A adoção de bônus por desempenho tem sido debatida no país e no mundo como estratégia para melhorar a qualidade da educação. A rede estadual de São Paulo, por exemplo, adota desde 2008 um sistema baseado nos resultados de um indicador de qualidade, o Idesp.
O relatório monitora os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para educação — um compromisso assumido pela comunidade internacional com prazo até 2030.
Atualmente, 264 milhões de crianças e jovens estão fora da escola no mundo. A taxa de conclusão do ensino médio, por exemplo, foi de 45% entre 2010 e 2015. Mas há grande disparidade entra nações. Nos países classificados como ricos, esse percentual é de 84%; nos pobres, de 13%. No Brasil, é de 63%.
“Para que alcancemos uma educação de qualidade, equitativa e inclusiva, precisamos que todos estejam envolvidos com o seu papel”, diz Rebeca Otero, coordenadora de Educação da Unesco no Brasil. (PAULO SALDAÑA)