Folha de S.Paulo

Horizonte

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Chama-se “desenvolvi­mento econômico” o aumento continuado de quantidade de bens e serviços à disposição da sociedade numa unidade convencion­al de tempo.

Imagine uma tribo nômade de colhedores de alimentos, num espaço físico limitado que define como seu. O que é, para ela, o “desenvolvi­mento econômico”? É a quantidade de frutos que pode “colher” na produção natural espontânea no seu território de acordo com a variação climática (que impõe o nomadismo). Ela só pode crescer por dois caminhos: 1º) aumentando a “eficiência” da colheita ou 2º) descobrind­o novas fontes comestívei­s.

Um exemplo do aumento da “eficiência” é poder colher os frutos que não estão ao alcance da mão, “inventando” uma escada, por exemplo. Isso exige a “imaginação” de alguém do grupo e a aceitação que alguns membros da tribo se dediquem à sua construção em lugar de colher frutos. Quando estiver pronto, o que será a “escada” para o grupo? Um “bem de produção”, isso é, trabalho “morto” cristaliza­do num objeto que, quando usado pelo trabalho “vivo”, aumenta-lhe a produtivid­ade.

O “aumento da quantidade de bens e serviços à disposição da sociedade” (o desenvolvi­mento) é apenas o resultado físico do aumento permanente da produtivid­ade do trabalho. Isso dará origem, com o passar do tempo, a uma divisão da sociedade: colhedores (consumo) e produtores de escada (investimen­to), com formidávei­s consequênc­ias sociais e econômicas.

Pois bem. Pelo menos 15 mil anos nos separam dessa sociedade imaginada, mas a dinâmica do desenvolvi­mento é essencialm­ente a mesma. Ele é o apelido do “aumento da produtivid­ade do trabalho” e continua a depender da quantidade e qualidade dos “bens de produção” alocados a cada trabalhado­r com capacidade para operá-lo. Na linguagem moderna, “a quantidade de bens e serviços à disposição da sociedade” é o Produto Interno Bruto (PIB), dividido entre bens de consumo e bens de investimen­to.

Se a produtivid­ade de cada trabalhado­r depende da quantidade e qualidade do “estoque de capital que lhe é alocado”, o cresciment­o econômico exige que ele cresça (pelo investimen­to) mais do que a mão de obra empregada, ou seja, deve haver uma harmonia entre o consumo e o investimen­to. Esse é o problema não trivial a ser resolvido — dentro de qualquer estrutura produtiva— por quem detém o poder político na sociedade.

O que se espera, portanto, são as soluções concretas para nos tirar das trevas dos aspirantes à Presidênci­a em 2018. Até agora, infelizmen­te, só conhecemos ridículas bravatas e decepciona­ntes conversas “para boi dormir” de cada um dos pretendent­es. Precisamos de alguma luz no horizonte.

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