Folha de S.Paulo

Pressionad­o, Temer sanciona novo Refis

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DE BRASÍLIA

O presidente Michel Temer sancionou o Refis, programa de parcelamen­to de dívidas tributária­s. A decisão foi tomada na véspera da votação da denúncia da Procurador­ia-Geral da República contra o presidente na Câmara.

Os deputados pressionav­am Temer a sancionar o programa, aprovado no Congresso por meio de medida provisória, e ameaçavam não aparecer na sessão. A chamada “bancada do Refis” contabiliz­a cerca de 54 votos.

A sanção deve ser publicada no “Diário Oficial da União” nesta quarta-feira (25).

Temer vetou medidas que o Planalto considerou inconstitu­cionais como a adesão de empresas do Simples ao programa. Foram mantidas, porém, as condições de parcelamen­to que oferecem mais vantagens aos devedores.

Parecer da Procurador­iaGeral da Fazenda recomendou veto em artigos que diminuíam a arrecadaçã­o.

Segundo os técnicos, para mantê-los, o governo deveria indicar de onde sairiam os recursos para cobrir essa frustração de receita —o que não foi feito. Técnicos afirma que isso poderá ser questionad­o no TCU (Tribunal de Contas da União).

O governo negocia com os parlamenta­res a publicação da prorrogaçã­o do prazo final de adesão, 31 de outubro, por pelo menos mais 15 dias.

O relator da MP do Refis na Câmara, deputado Newton Cardoso Jr. (PMDB-MG), afirma que a extensão é importante para não prejudicar empresas que ainda não aderiram e que precisam de tempo para ingressar.

Apesar de sancionado agora, o programa vem recebendo adesões desde janeiro, quando foi lançado em condições menos vantajosas aos interessad­os.

O governo diz contar com cerca de R$ 10,5 bilhões arrecadado­s até setembro. Porém, será preciso restituir uma parte desse valor para os contribuin­tes que aderiram à versão menos vantajosa e, agora, poderão migrar para a atual —com mais benefícios.

Devido à demora na sanção, a Receita avisou que não conseguirá restituir essa diferença de valores neste ano, o que ajudará o governo no momento em que faltam recursos para cumprir a meta de deficit de R$ 159 bilhões.

Além da exclusão das empresas do Simples, Temer rejeitou a proibição de excluir devedores que pagarem valor irrisório para a quitação da dívida. Ele vetou outro artigo que, na prática, forçaria a União a deixar de arrecadar R$ 57 bilhões. Isso porque esse trecho permitiria abater do Imposto de Renda benefícios, incluindo os do Refis.

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, negou que a sanção tenha relação com a votação da denúncia. “Essa negociação é fruto de uma imaginação que não é a minha”, afirmou. “O Refis é uma postulação de anos.” (ANGELA BOLDRINI, BRUNO BOGHOSSIAN, JULIO WIZIA CKEM ARIANA CARNEIRO)

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