Folha de S.Paulo

Aécio descarta renúncia e pede Tasso na chefia do PSDB

Mineiro entende que saída da presidênci­a da sigla seria ‘confissão de culpa’

- TALITA FERNANDES

Senador cearense afirma que colega fez um ‘apelo’ e que está ‘consultand­o as bases’ a respeito da situação

Após nova queda de braço sobre o comando do PSDB, os senadores Aécio Neves (MG) e Tasso Jereissati (CE) conver- saram nesta quarta (25) e descartara­m a renúncia do mineiro à presidênci­a da sigla.

De acordo com Tasso, que é presidente interino do PSDB, o mineiro pediu para permanecer como licenciado do cargo. O argumento usado seria de que uma renúncia definitiva significar­ia uma “confissão de culpa”.

Além disso, foi levado em conta o fato de que está prevista para 9 de dezembro a convenção nacional do partido, que elegerá nova presidênci­a. O senador cearense disse que Aécio tomou sua decisão, mas que ele está “consultand­o as bases” para decidir o que deve fazer.

“Ele me fez um apelo e estou ouvindo a posição de que está muito perto [da convenção] e [deixar a presidênci­a] seria causar um novo tumulto”, disse logo após a reunião com Aécio.

Segundo ele, Aécio disse que não ocupará nenhum protagonis­mo nem no PSDB nem na política nacional. Ele teria dito que se concentrar­á em duas coisas: defender-se das acusações a que responde na Justiça e cuidar de sua base eleitoral em Minas Gerais.

Segundo colocado nas eleições presidenci­ais em 2014, Aécio terá seu mandato como senador encerrado no fim de 2018, quando deve disputar o cargo novamente ou optar por uma vaga na Câmara se quiser manter foro no Supremo Tribunal Federal.

Na semana passada, Tasso chegou a declarar que “não havia condições” para que Aécio permaneces­se à frente do PSDB. O mineiro é acusado de corrupção passiva e obstrução da Justiça. Em março, ele foi gravado pelo delator e empresário Joesley Batista, da JBS, a quem pediu R$ 2 milhões.

Ele já foi afastado duas vezes do mandato neste ano, mas voltou às atividades parlamenta­res por decisão do Senado, na semana passada, que reverteu as medidas cautelares impostas pela Justiça.

Desde que Aécio se licenciou do comando do partido, em maio, tucanos vivem um clima constante de instabilid­ade e de troca de farpas entre suas alas. No centro dessa disputa está o apoio do partido ao governo do presidente Michel Temer.

Antes de a Câmara votar a denúncia contra Temer nesta quarta, Tasso disse que a relação entre PSDB e PMDB está “bastante desgastada”.

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Mateus Bonomi/Folhapress O senador Aécio Neves, presidente licenciado do PSDB

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