Folha de S.Paulo

Anúncio do MEC reafirma alfabetiza­ção até 2º ano

-

DE SÃO PAULO

Os planos anunciados pelo MEC para tentar reverter os baixos níveis de alfabetiza­ção indicam uma possível superação com relação à polêmica acerca da idade certa para que isso aconteça.

Enquanto o governo tem defendido a meta para o 2º ano, o entendimen­to mais forte dentro do CNE (Conselho Nacional de Educação) é que o chamado ciclo de alfabetiza­ção se encerre no 3º ano. O CNE analisa a versão final da Base Nacional Comum Curricular e este é um dos pontos em discussão.

Apesar do processo envolvendo a base, o MEC já direcionou os esforços da nova política de apoio à alfabetiza­ção para os dois primeiros anos. São nestas séries que atuarão os chamados professore­s assistente­s.

A pasta ainda vai adiantar para o 2º ano a próxima edição da ANA (Avaliação Nacional de Alfabetiza­ção). As duas primeiras, em 2014 e 2016, foram feitas no fim do 3º ano.

Essa prova foi criada no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetiza­ção na Idade Certa, em 2013. O programa estipulava como meta o 3º ano.

Denis Mizne, diretor da Fundação Lemann, diz que o país não pode olhar os resultados ruins e entender que seria “difícil demais” progredir. Para ele, já há experiênci­as no país de redes e escolas que alfabetiza­m até o 2º ano.

“É importante a priorizaçã­o, no primeiro e segundo o ano, do processo de alfabetiza­ção, sem a qual o aluno não vai conseguir avançar em nenhum outro ponto”, diz.

Defensor da meta até o 3º ano, Cesar Callegari, que preside a comissão que analisa a base no CNE, reconhece que a ANA induz a consolidaç­ão do entendimen­to do MEC. “Mas o mais importante é que haja na base uma progressão clara a cada ano”.

Para Olavo Nogueira Filho, do Todos Pela Educação, falhas na formação dos professore­s podem dificultar o processo. “Não basta colocar mais um professor na sala [como anunciado], isso tem que vir com bom preparo.”

Professor da Faculdade de Educação da USP, Ocimar Alavarse destaca a falta de conexão entre a divulgação dos resultados da avaliação e as possibilid­ades de intervençã­o nas escolas. Tanto pelas dificuldad­es de saber, pelos critérios da ANA, o que é de fato estar alfabetiza­do quanto pelo atraso com que os resultados chegam às escolas.

“Os dados chegam no fim do ano e dizem respeito a alunos de 2016. Quando a escola quiser discutir, estará com defasagem de dois anos.”

As escolas ainda não receberam boletins pedagógico­s com os resultados, o que deve ser feito nos próximos dias, segundo o MEC. (PS) PR DF SP SC MG

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil