Folha de S.Paulo

Ma, nos expomos ao vírus.

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Era então algo esperado a chegada do vírus a São Paulo?

Consideran­do-se a trajetória dele ao longo do ano [passando por Espírito Santo, Minas, Rio e interior de SP], era um fenômeno esperado. Teve caso em Campinas e Jundiaí, em área com grande extensão de mata, onde os macacos circulam. Da mesma forma, podemos esperar que o vírus em algum momento chegue também ao litoral paulista. ansioso de decretar isso. Um surto não acaba por decreto, mas com o fim de um ciclo biológico [questionad­o na terça, o ministro disse que a detecção do vírus em um macaco em São Paulo indicava “um novo ciclo” do vírus]. A recomendaç­ão de vacinação em São Paulo deveria ter sido feita antes? regiões que achávamos ter menos risco estão expostas. Não temos mais argumento para não vacinar o país inteiro, a começar pelas populações mais vulnerávei­s [próximas a áreas com mortes de macaco causadas pelo vírus]. Os casos de febre amarela vêm ocorrendo em meio a uma crise política no país. Isso atrapalha o combate à doença?

Sem dúvida. Há mais de dois anos essa crise política vem causando inoperânci­a, com trabalhos feitos de forma fragmentad­a, mudanças de política e uma sangria financeira justamente nas duas áreas que poderiam tomar conta disso: a ciência e a saúde. Como dar a resposta que o Estado precisa dar em uma situação como essa? Qual é a gravidade da atual situação?

A gravidade é o risco de a febre amarela urbana [erradicada em 1942] voltar, já que o vírus chegou a uma área que tem muito mosquito e muita população não vacinada. Qual o tamanho do risco?

O risco é alto, e o Brasil está jogando com ele. Já demos sorte de a urbanizaçã­o não ter acontecido no Rio e em Vitória. Por outro lado, as condições para a reurbaniza­ção nas áreas centrais de São Paulo são bem menos favoráveis que as do Rio, onde há mais mosquitos circulando.

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