Folha de S.Paulo

Futebol ajuda ONG a manter meninas indianas na escola

- COLABORAÇíO PARA A DE NOVA DÉLI

FOLHA,

Radha Kumari nasceu em uma vila rural no Estado de Jharkhand, no leste da Índia, onde seis a cada dez meninas deixam a escola para casar. Hoje, com 15 anos, Radha orgulha-se de não fazer mais parte dessa estatístic­a, mudança que atribui ao futebol.

Aos 13, ela começou a participar de treinos oferecidos pela Yuwa, uma ONG que luta contra o casamento infantil por meio de aulas de inglês e futebol para meninas.

“Antes eu pensava apenas em me casar, como todo mundo ao meu redor. Agora eu tenho planos e sonhos, quero ser engenheira mecânica”, diz, em um inglês impecável.

Segundo o americano Franz Gastler, fundador da Yuwa, a maioria dessas meninas nunca tiveram chance de jogar e de se dedicar aos estudos. “Elas não entraram no futebol para mudar seu futuro, mas para jogar. No meio do processo, porém, elas começam a se questionar”, diz.

Em um país que ainda sofre os efeitos da hierarquiz­ação e estigmas sociais impostos pelas castas, o futebol, por ser um jogo coletivo, sem restrições de gênero, castas ou classe social, abre as portas para uma nova realidade.

A ONG também faz visitas periódicas aos pais para falar sobre a importânci­a de permitir às crianças tempo para estudar e jogar futebol.

O brasileiro Clebson Duarte, que trabalha como técnico na Índia há seis anos, também relata a importânci­a do futebol para desfazer estigmas das castas.

“Eu dizia para eles: ‘Aqui todo mundo é igual para mim. Não tem casta, não tem religião, não tem diferença se é menino ou menina’”.

Durante quatro anos, ele trabalhou como voluntário dando aulas para os Dalits, a casta mais baixa no país. (CO)

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