Gilmar e Barroso trocam acusações no STF
Barroso acusou o colega de corte de ‘ter parceria com a leniência em relação à criminalidade do colarinho branco’
‘Não sou advogado de bandidos internacionais’, rebateu Gilmar, em referência a Cesare Battisti
O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), acusou seu colega Gilmar Mendes de ter “parceria com a leniência em relação à criminalidade do colarinho branco”. “Não transfira para mim esta parceria que vossa excelência tem com a leniência em relação à criminalidade do colarinho branco”, disse Barroso a Gilmar, Nesta quinta-feira (26) no plenário do tribunal.
Minutos antes, Gilmar havia dito que Barroso soltou o petista José Dirceu. Barroso rebateu afirmando que quem soltou Dirceu foi o STF, não ele.
Em outubro de 2016, Barroso declarou extinta a pena dada ao petista por envolvimento no mensalão. No entanto, Dirceu continuou preso, para cumprir pena na Lava Jato.
Em maio deste ano, a segunda turma do Supremo, composta por cinco magistrados, decidiu conceder habeas corpus a Dirceu, preso em 2015 pela Lava Jato. O julgamento estava empatado em 2 a 2. Coube a Gilmar, então presidente do colegiado, desempatar o caso. Ele votou a favor de Dirceu.
A discussão não parou aí. LUÍS ROBERTO BARROSO “Não sou advogado de bandidos internacionais”, disse Gilmar, em referência ao italiano Cesare Battisti, para quem Barroso advogou antes de virar ministro. Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália nos anos 70 por quatro assassinatos e hoje vive no Brasil.
“Vossa Excelência muda a jurisprudência de acordo com o réu. Isso não é estado de direito, é estado de compadrio. Juiz não pode ter correligionário”, disse Barroso. “Tenho esse histórico e, realmente, na segunda turma temos jurisprudência responsável e libertária, e não fazemos populismo”, afirmou Gilmar.
O bate-boca durou cerca de 30 minutos até ser interrompido por Cármen Lúcia, que encerrou a sessão.
Não foi a primeira vez que Gilmar protagonizou cena de discussão ríspida com colegas em plenário. Em junho, os ministros durante julgamento de aspectos da delação da JBS, Barroso insinuou que Gilmar queria anular o GILMAR MENDES acordo no futuro. “Todo mundo sabe o que se quer fazer aqui lá na frente. Eu não quero que se faça lá na frente. Já estou dizendo agora”, disse Barroso na ocasião.
Em abril de 2009, a briga de Gilmar –uma das mais famosas do Supremo– foi com Joaquim Barbosa, que lhe disse: “Vossa Excelência está destruindo a Justiça desse país e vem agora dar lição de moral em mim? Saia à rua, faz o que eu faço”. ÓDIO A discussão de ontem começou quando Gilmar criticou as contas do Estado do Rio. “Não sei para que hoje o Rio de Janeiro é modelo. Mas à época se dizia ‘devemos seguir o modelo do Rio’. Eu mesmo sou relator de processo contra depósitos judiciais e mandei sustar as transferências ao Rio”, disse.
“Deve achar que é Mato Grosso, onde está todo mundo preso”, interrompeu Barroso, em referência ao Estado natal de Gilmar. Barroso afirmou que o colega “não trabalha com a verdade”.
“Vossa Excelência deveria ouvir a última música do Chico Buarque: ‘a raiva é filha do medo e mãe da covardia’. Vossa Excelência fica destilando ódio o tempo inteiro. Não julga, não fala coisas racionais, articuladas, sempre fala coisa contra alguém, sempre está com ódio de alguém, com raiva de alguém. Use um argumento”, disse Barroso.
“para mim esta parceria que Vossa Excelência tem com a leniência em relação à criminalidade do colarinho branco “advogado de bandidos internacionais Realmente, na Segunda Turma temos jurisprudência responsável e libertária, e não fazemos populismo