PSDB tenta remediar efeitos da crise
Após muitos desgastes, partido ensaia trégua
O PSDB estabeleceu uma espécie de trégua até sua convenção nacional em 9 de dezembro. O reencontro com a turbulência definirá o rumo da sigla em 2018, isso se os caciques tucanos não retomarem sua vocação para a confusão e anteciparem as disputas.
A cúpula favorece hoje uma combinação de manutenção do apoio ao governo Michel Temer, montagem de uma Executiva que prefere Geraldo Alckmin como presidenciável e a defesa de agenda reformista mais agressiva.
O primeiro item se baseia na percepção de que o pior da associação com Temer já foi atingido, não só pelos quatro ministros da sigla, mas pelo fato de que o relatório aprovado salvando o presidente de ser afastado foi de autoria de um tucano.
Há expectativa também sobre o efeito da melhora paulatina da economia, o que levaria à absorção do ônus atual. Para embasar a discussão, o Instituto Teotônio Vilela, do PSDB, apresentou um modelo estatístico correlacionando popularidade presidencial e desempenho econômico.
Na simulação, Temer fecha 2018 com 8,3% de aprovação, com um piso de 3,3% e, mais importante nas projeções, um limite superior de 19,3% —um índice ruim, mas longe da tragédia contaminante de hoje.
Falta, claro, combinar com os russos. E são muitos, a começar pelo presidente interino do partido, senador Tasso Jereissati (CE), e o senador Aécio Neves (MG), licenciado da função desde que foi abatido pela delação da JBS.
Tasso manobrava para ser efetivado no cargo depois que Aécio resgatou seu mandato na semana passada. Mas se açodou e cobrou a saída do mineiro da função, gerando desconforto na cúpula partidária. O cearense, contudo, não jogou a toalha. Ele conta com o apoio da ala jovem do partido na Câmara, os chamados cabeças pretas, que defendem desembarque imediato do governo.
O partido na Câmara permaneceu rachado em relação à denúncia de Temer, e os cabeças brancas, por assim dizer, dizem estar prontos para assimilar defecções dos mais jovens. É briga anunciada.
Até lá, Tasso e Aécio acertaram um pausa nas hostilidades, o que pode facilitar o debate do projeto presidencial dos tucanos. Ele passa, claro, pela existência de um país a governar em 2019. Para tanto, o PSDB busca formas de pressionar a Câmara a fazer avançar qualquer arremedo de reforma previdenciária e outra matérias econômicas.