Folha de S.Paulo

Dilma diz a Moro que procurou preservar empresas da Lava Jato

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DE SÃO PAULO

A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou em depoimento ao juiz Sergio Moro nesta sexta (27) que, quando estava no governo, tinha preocupaçã­o em ajudar as empresas investigad­as pela Operação Lava Jato a se salvar.

A petista falou como testemunha de defesa do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine, que foi preso na 42ª fase da Lava Jato. Ela estava em Belo Horizonte e foi ouvida durante cerca de meia hora, por meio de videoconfe­rência.

Dilma fez a afirmação após ser questionad­a na audiência sobre uma declaração do empreiteir­o Marcelo Odebrecht, que consta em denúncia do Ministério Público Federal. Segundo ele, o então ministro Aloizio Mercadante havia sido apontado como o interlocut­or do Palácio do Planalto para tratar de assuntos ligados à Lava Jato.

Dilma afirmou que havia tensão no governo sobre a situação econômica das empresas afetadas. Por isso, segundo ela, a discussão sobre os acordos de leniência era constante. “Empresas na Lava Jato estavam tendo problemas de financiame­nto externos e internos, o que criava para o governo um problema, porque essas empresas estavam compromete­ndo seus empregos”, disse.

Segundo ela, a intenção era que houvesse “um processo de punição dos responsáve­is, mas que se salvassem as empresas de engenharia deste país, que são elementos essenciais da nossa competitiv­idade”.

Parte do depoimento girou em torno de assuntos relacionad­os ao período em que Bendine presidia a Petrobras (2015-16). Ele foi aprovado para o cargo, disse, por causa do “desempenho significat­ivo” que teve à frente do Banco do Brasil. O réu é acusado nessa ação de receber propina de R$ 3 milhões da Odebrecht.

Dilma afirmou ainda que a relação com a Odebrecht não se pautava pelo fato de a empresa ser uma das doadoras de campanhas do PT e que frequentem­ente discordava da empresa. “O grupo Odebrecht, como qualquer outro grande grupo brasileiro, merecia toda a atenção do governo.”

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