Catalão declarou e imediatamente suspendeu a independência], por isso é provável que se distanciem.
FOLHA
Quando os nacionalistas catalães e bascos se apresentam como vitimas do Estado espanhol, eles estão sendo oportunistas, diz o escritor e jornalista espanhol Sergio del Molino, 38. Para o autor do premiado livro “La Hora Violeta” (“A Hora Violeta”, de 2013) e do ensaio “La España Vacía” (“A Espanha Vazia”, de 2016), essas regiões são ricas e bem integradas à Europa.
Na verdade, diz Molino, é a “Espanha vazia”, a região que sofreu o êxodo rural e onde vivem menos de 16% dos habitantes do país, que está realmente abandonada. Mas ela sofre em silêncio, porque, segundo a narrativa regionalista, ela faz parte do governo central opressor. Folha - A crise catalã tem raízes nacionais e europeias?
Sergio del Molino- Por um lado, as reivindicações da Catalunha são semelhantes às de outras regiões ricas da Europa. Partidos da Flandres (Bélgica) e da Padânia (Itália) defendem a ruptura com a nação e a continuidade dentro da União Europeia (UE).
Por outro lado, a questão é estritamente espanhola. Não tem relação com a rejeição das medidas de austeridade impostas pela UE, por exemplo. É um problema de identidade nacional não resolvido que foi explorado de modo oportunista pelos políticos. A declaração de independência poderia gerar uma incerteza semelhante à do Reino Unido depois do “brexit”?
Ela mergulharia a Catalunha num pesadelo jurídico e econômico mais complexo do que o “brexit”. As consequências econômicas já estão sendo sentidas: bancos e empresas estão deixando a região, assim como os bancos europeus estão deixando Londres. A coalizão governista mente quando diz que a região vai continuar dentro da UE. A entrada da Catalunha seria rejeitada por todos os países com problemas regionais. Quais são os cenários?
O movimento pró-independência pode se dividir. A extrema esquerda se sentiu traída pela reação incompreensível do [presidente catalão] Carles Puidgemont ao resultado do pleito [o plebiscito separatista, após o qual o líder A entrada na União Europeia está por trás do regionalismo?
A Espanha achava que sua entrada na UE resolveria todos os problemas de identidade. Porém, a UE fracassou em criar um projeto político democrático e pós-soberano. Por isso, os mais jovens, que não se identificam com a UE, estão resgatando símbolos regionalistas. É uma parte da história espanhola que preferimos ignorar e agora volta mais forte.