CRÍTICA ‘Stranger Things’ volta mais sombria e menos estranha
Sem o mesmo impacto, série aposta no amadurecimento dos personagens
FOLHA
Há algo de podre na cidade de Hawkins. Mesmo. Todas as abóboras das plantações murcharam da noite para o dia, quando foram cobertas por uma nuvem de moscas. A praga é o ponto de partida para a segunda temporada de “Stranger Things”.
O Halloween está chegando e, junto com ele, os velhos demônios que fizeram da série um dos maiores acertos do ano passado.
O menino Will Byers (Noah Schnapp), que na primeira temporada sobreviveu a uma abdução por monstros de um mundo bizarro, volta traumatizado. E talvez suas sequelas vão além do psicológico.
A mãe de Will, Joyce (Winona Ryder), tampouco se recuperou do trauma. Fica paranoica. Trata o filho como um bebê, sob o pretexto de que ninguém está seguro. Especialmente Eleven, a menina telepata que conseguiu fugir dos cientistas que a exploravam, mas agora vive escondida.
Assim como o bem não morreu, o mal parece ter mudado. Manifestações mais concretas de que algo está errado aparecem logo no começo da temporada, e afetam outros personagens, não apenas a patota dos protagonistas.
Os monstros nomeados pe- los pré-adolescentes passam a ser levados a sério por alguns dos adultos mais céticos da primeira temporada. O mal ganha carne, osso, ectoplasma, garras e rabos.
É aí que se perde um pouco do lustro da primeira temporada, em que o espectador descobria aos poucos que o mundo paralelo dessas crianças não era de fantasia. Mas, fazer o quê?, é impossível dar o mesmo susto duas vezes.
A série parece aceitar bem que não repetirá o impacto de sua temporada de estreia, e investe em mostrar o amadurecimento dos personagens.
Outra mudança é o destaque conquistado pelas mulheres. Além de Winona, uma menina forte chega à série.
É Max (Sadie Sink), skatista com mais tutano que os quatro moleques juntos. Isso sem falar da extraordinária Millie Bobby Brown (Eleven), para quem “Stranger Things” pode fazer o que “E.T.” (1982) fez para Drew Barrymore.
Não é só a estética que o programa resgata dos anos 1980. O ritmo tranquilão é impensável para produções pósMTV, ainda mais se voltada para jovens. Nos quatro primeiros capítulos há uma dúzia de cenas de ação, se muito.
Os primeiros episódios CRIADORES Matt e Ross Duffer ELENCO Winona Ryder, Millie Bobby Brown e Sadie Sink QUANDO disponível na Netflix AVALIAÇÃO ótimo