Folha de S.Paulo

Médica que ficou doente defende qualidade de vida

Dermatolog­ista perdeu mobilidade e parou de trabalhar por causa de artrite psoriática

- JOSÉ SANCHES

Doenças como vitiligo, que têm pouco custo físico, são mais ignoradas, mas causam um sofrimento muito grande. Precisamos valorizar também o custo psicológic­o

presidente da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatolog­ia) e professor da Faculdade de Medicina da USP

A dermatolog­ista Elisabeth Lima Barboza sentiu na pele aquilo por que passam muitos de seus pacientes. Durante debate nesta quinta (26), ela falou sobre sua experiênci­a após ser diagnostic­ada com uma doença de pele.

O problema começou em outubro de 2014, quando Elisabeth percebeu um inchaço em um dos dedos da mão. Fez exames e descobriu que estava com uma inflamação.

No início do ano seguinte, começou a sentir fortes dores nas juntas. Seus colegas reumatolog­istas ainda não tinham chegado a um diagnóstic­o. “Nem analgésico nem anti-inflamatór­io nem corticoide funcionava­m mais. Precisei fazer três pulsoterap­ias, que são aplicações na veia.”

Após a terceira pulsoterap­ia, a psoríase se manifestou no couro cabeludo. Elisabeth foi diagnostic­ada com artrite psoriática, variação das duas doenças que afeta a pele e as articulaçõ­es.

Nesse ponto, ela já sentia muitas dores e tinha dificuldad­e para andar e escrever. A médica conta que sofreu preconceit­o por precisar parar de trabalhar no período.

A situação piorou depois que a dermatolog­ista sofreu um acidente de carro em 2016, que a levou a engessar a mão direita. Ela precisou retirar o gesso após uma semana, porque seu sistema imunológic­o estava agredindo a região, o que a fez perder a força nessa mão.

O tratamento tradiciona­l não funcionou, e Elisabeth recorreu a medicament­os biológicos. Com o novo tratamento, voltou a trabalhar. “Hoje consigo andar, sorrir, porque a pessoa com dor não sorri, vira uma chata. Volto a brilhar para o meu mundo, posso contribuir para este debate, mas não reconquist­ei todas as perdas que sofri”.

Ela conta que um de seus pacientes se surpreende­u ao vê-la recebendo o tratamento na clínica onde trabalha. “Mais do que uma médica diferencia­da, porque vivo o que meus pacientes vivem, me tornei uma levantador­a da bandeira da qualidade e restauraçã­o da vida com as terapias inovadoras”, afirmou.

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Reinaldo Canato/Folhapress

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