Folha de S.Paulo

Recessão chegou ao fim em dezembro de 2016, diz FGV

Comitê de ciclos econômicos identifico­u que país sofreu por 11 trimestres

- FLAVIA LIMA ÉRICA FRAGA

Análise mais profunda dos indicadore­s mostrou que, como se previa, retração foi a mais severa da história

ção de Ciclos Econômicos), grupo formado pela FGV (Fundação Getulio Vargas), se reuniu na manhã desta sexta (27) e estabelece­u que a economia brasileira começou a sair do fundo do poço no último trimestre de 2016.

Com a decisão do colegiado —que determina o início e o fim de períodos de expansão e queda da atividade no Brasil—, ficou estabeleci­do que a recessão durou 11 trimestres, levando o PIB (Produto Interno Bruto) a uma queda acumulada de 8,6%.

A severidade de uma recessão é medida por dois critérios: sua duração em trimestres e o tamanho da queda acumulada da produção econômica.

Até então, o período recessivo mais longo havia sido o do governo Collor, entre 1989 e 1992, que se estendeu por 11 trimestres e levou a uma contração de 7,7% do PIB.

Já a recessão mais profunda foi registrada nos anos 1980, quando a economia caiu 8,5% por nove trimestres.

O ciclo mais recente empatou em duração e em magnitude com as duas piores recessões registrada­s nas últimas décadas. Consideran­do, portanto, a combinação dos dois critérios, ela poderá vir a ser considerad­a a mais severa da história recente.

Mas ainda é cedo para fazer esse diagnóstic­o porque os dados dos últimos dois anos ainda podem ser revisados pelo IBGE.

O comunicado assinado pelos sete economista­s que compõem o Codace —Affonso Celso Pastore, Edmar Bacha, João Victor Issler, Marcelle Chauvet, Marco Bonomo, Paulo Picchetti e Regis Bonelli— deverá ser divulgado em breve.

Antes da decisão tomada na sexta, em entrevista­s individuai­s dadas à Folha há alguns meses, os economista­s considerav­am prematuro afirmar que a recessão havia atingido um desfecho.

Como o que se via nos indicadore­s à época não deixava claro o movimento, os especialis­tas afirmavam que a recessão poderia ter chegado ao fim no último trimestre de 2016, mas considerar­am que ainda não havia indicadore­s suficiente­s para concluir isso.

Embora seja um parâmetro importante, o PIB é só uma das variáveis.

O objetivo do grupo, porém, não é fazer prognóstic­os, mas fixar com o máximo de precisão quando a economia atinge o que chamam de picos (o fim de uma expansão) e vales (o término de uma recessão).

O Codace foi criado 2004, mas os primeiros comunicado­s do grupo —que não tem ligação nem com o governo nem com empresas— foram divulgados apenas em 2009.

O grupo estabelece­u a cronologia dos ciclos econômicos desde o início da década de 1980. Estimativa­s indicam que a recessão mais profunda era republican­a havia ocorrido entre 1930 e 1931, quando o PIB contraiu 5,3%.

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