Folha de S.Paulo

A produção filipina de bananas para exportação vinha crescendo desde 2009, tendo

- GABRIEL ALVES

DE SÃO PAULO

Volta e meia a notícia vem à tona: a banana está ameaçada de extinção por causa de pragas. Segundo especialis­tas, porém, o cenário não é tão desesperad­or assim. Também não é nada pacífico.

Talvez o maior dos fitovilões do momento seja o fungo Fusarium oxysporum, que causa a doença conhecida como mal do Panamá.

O Fusarium invade a bananeira pelas raízes e alcança o sistema vascular da planta, atingindo caules e folhas. Uma espécie de gosma impede que os nutrientes cheguem às diversas partes da planta. A consequênc­ia é uma espécie de murchament­o, que dilacera a produção de frutas.

E o espalhamen­to do fungo é rápido. Resistente­s a fungicidas, eles podem sobreviver décadas na forma de esporos e são encontrado­s no solo — logo, não basta matar a bananeira e plantar uma nova.

A melhor medida a ser tomada, explica o especialis­ta Miguel Dita, da Embrapa, é evitar que a praga se espalhe. E ela pode se alastrar muito facilmente: maquinário­s agrícolas, animais, e até pela água.

Na China, houve grande disseminaç­ão por meio de água para irrigação, diz Dita. “Outro problema é que o material de plantio muitas vezes é assintomát­ico, apesar de estar infectado. Aí a doença vai junto.”

Em tempos de mudanças climáticas, essa última possibilid­ade causa ainda mais preocupaçã­o —grandes enchentes podem espalhar o micro-organismo de forma a tornar o manejo praticamen­te impossível.

O subtipo do Fusarium que assusta produtores de banana é o TR4 (tropical race 4), que tem uma predileção natural pela variedade de banana conhecia como Cavendish (ou nanica), mas que também pode afetar outras, como a prata e a maçã. Pelas contas de cientistas, a praga já afetou 100 mil hectares mundo afora. QUEDA Distribuiç­ão De origem asiática, se estabelece­u em várias partes do mundo formando um 'cinturão da banana' em regiões tropicais Nutrição Em 100 g de banana 23 g carboidrat­os 1g proteína 75 g água Vitaminas e minerais É rica em vitaminas C e B6, além de conter manganês, potássio e magnésio Em milhões de toneladas

MIGUEL DITA

engenheiro agrônomo

Não há variedade genética na plantação de bananas. Há milhares de hectares plantados e todas as bananeiras são susceptíve­is ao fungo, um patógeno altamente especializ­ado

chegado a 3,7 milhões de toneladas em 2014. Em 2015, despencou para 1,9 milhões de toneladas e um dos motivos foi a passagem destrutiva do TR4.

Felizmente, por ora, esse fungo parece estar restrito à Ásia, África e Oceania, o que faz com que países desses continente­s concentrem esforços para a resolução do problema. “A doença ficou cerca de 20 anos restrita a países do sul da Ásia, mas em 2013 ela já apareceu na África e no Oriente Médio.”

Uma das tentativas recentes de cientistas australian­os foi fazer uma linhagem geneticame­nte modificada da banana. A planta doadora do gene é uma bananeira selvagem que rapidament­e cresceu em campos arrasados pelo TR4 na Malásia.

Depois de alguns anos, os primeiros testes de campo, cruciais para qualquer tentativa de inserção comercial, estão começando. Pode ser o alento que produtores dessas partes do mundo precisam para garantir o abastecime­nto da fruta, considera- IDEM

isso vai acontecer

MARCELO LEITE Hoje excepciona­lmente a coluna não é publicada

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