Folha de S.Paulo

‘Fake news’ alteram hábito do público, indica pesquisa

58% dizem ter menos confiança em notícias políticas vistas em rede social

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Estudo também mostra uso de mais fontes de informação; jovem resiste menos a pagar por conteúdo on-line

As redes sociais foram o meio de informação cuja credibilid­ade mais foi afetada pelas “fake news” (notícias fabricadas e muitas vezes divulgadas sob falsas fachadas de veículos reais), mostra pesquisa da consultori­a Kantar com 8.000 pessoas de quatro países: Brasil, Estados Unidos, Reino Unido e França.

De cada 100 consumidor­es de notícias, 58 têm menos confiança no noticiário político e eleitoral visto em redes sociais, por causa das “fake news”; 32 não viram alteração, e 10 dizem confiar mais.

Os quatro países foram escolhidos por causa de seu momento político e econômico, segundo a presidente da Kantar para o Brasil, Sonia Bueno. Para a maioria dos americanos e brasileiro­s, as “fake news” pesaram no resultado das eleições em seus países.

O termo “fake news”, porém, pode ter mais de um significad­o. No caso dos brasileiro­s, mais da metade identifica o termo com histórias deliberada­mente fabricadas por um meio de comunicaçã­o, e 43%, com história divulgada por alguém que finge ser um meio de comunicaçã­o.

Em terceiro lugar está a acepção “história que contém informação incorreta, provavelme­nte por erro”. Por fim, um quinto do público define “fake news” também como histórias tendencios­as.

Para a consultori­a, o resultado mostra uma oportunida­de para que os meios de comunicaçã­o reforcem sua reputação e credibilid­ade.

Informar-se em bons veículos é a medida mais citada pelos entrevista­dos para combater as notícias falsas, seguida por mais regulação (44% e 42%, respectiva­mente).

Além disso, parcela significat­iva do público está preocupada com a crise pela qual passam alguns veículos. Entre os mais jovens (de 18 a 34 anos), o índice de preocupaçã­o chega a 52%.

A pesquisa mostrou que o público passou a consultar mais fontes de informação, o que indica interesse crescente por notícias, segundo Juliana Sawaia, diretora de insights. “Em média, consomem-se 4 fontes; entre os leitores de jornal, são mais de 5.”

Mais de um terço do público acessa notícias na internet (42% em sites ou apps e 36% em mídias sociais), e está no Brasil o maior índice dos que identifica­m qual é a fonte do noticiário lido nas redes: 46% dizem sempre saber a origem da notícia (contra 30% na média dos quatro países).

“Veículos já conhecidos, que lideram em credibilid­ade, podem potenciali­zar isso”, afirma Sawaia.

O relatório da consultori­a aponta também que “a geração Z (nascidos entre os anos 1990 e 2000) tem se engajado mais na política e elevado seu interesse por noticiário”.

São também os mais jovens os mais propensos a pagar por conteúdo digital. De cada 10, 4 dizem ter pago por noticiário on-line no ano anterior (a pesquisa foi feita em junho deste ano). Consideran­do todas as faixas etárias, 26% dos que confiam no noticiário assinam notícias online, contra 17% do total. Compartilh­ou uma história depois de ler só o título 4 EM 10 BRASILEIRO­S PAGAM POR NOTÍCIA ON-LINE Em % porcentage­m dos consumidor­es de notícia 44 45 Passou a pensar duas vezes antes de compartilh­ar notícias Comprou jornal impresso na última semana Checou a veracidade da notícia em outras fontes Pagou por noticia on-line no último ano

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