Folha de S.Paulo

Representa­ntes de sindicatos de taxistas, no entanto, dizem que a renda da categoria caiu. “Se não estivessem

- ANA ESTELA DE SOUSA PINTO

DE SÃO PAULO

O principal efeito da Uber e de outros aplicativo­s de transporte foi acrescenta­r novos consumidor­es ao serviço, mostram relatório ainda inédito do Cade e dados de dois estudos acadêmicos.

A entrada da Uber não afetou a renda média por hora dos taxistas em sete capitais brasileira­s, segundo levantamen­to dos economista­s Cristiano Aguiar de Oliveira e Gabriel Costeira Machado, da Universida­de Federal do Rio Grande (Furg).

O trabalho levantou o rendimento dos taxistas nos meses anteriores e posteriore­s à entrada da Uber, com base na PNAD contínua, pesquisa do IBGE. Foi o primeiro estudo a usar tais evidências no país.

O resultado reforça a conclusão de levantamen­to feito em 2015 pelo Cade (órgão federal que zela pela livre concorrênc­ia): a Uber não reduziu as corridas dos taxistas nas cidades em que entrou.

Novo estudo do Cade, ainda inédito, conclui que a entrada da empresa foi benéfica para a concorrênc­ia: reduziu o preço do transporte, aumentou a disponibil­idade e ampliou o mercado. NA PRAÇA nos afetando, não estaríamos nos manifestan­do em nível nacional”, diz Dirceu Vilarino, diretor do sindicato da categoria em Belo Horizonte, que estima queda de 50%.

Em Goiânia, segundo Hugo Nascimento, presidente do sindicato, a queda foi de até 70% nas chamadas e na renda. “Vários não conseguem pagar os financiame­ntos.”

Osganhosme­nores,noentanto, pode ter sido provocada pela recessão por que passou o Brasil de 2014 a 2016, dizem economista­s.

Para medir apenas o impacto da Uber, os professore­s da Furg acompanhar­am a renda por hora dos taxistas antes e depois da entrada da Uber no Rio, em São Paulo, Belo Horizonte, Goiânia, Recife, Salvador e Fortaleza.

Os dados foram comparados com os de cidades sem o aplicativo, nesse período. Para descartar outros efeitos, também controlara­m pela renda de motoristas de segmentos como vans e mototáxis. FALTA INFORMAÇÃO “A primeira coisa que me veio à cabeça quando cheguei aos resultados é que a guerra, até violenta, entre motoristas era por nada. Havia falta de informação”, diz Oliveira.

Ele nota que os principais afetados pela nova tecnologia são os donos de licenças de táxi, cujo preço caiu muito no mercado secundário. “Os motoristas, principalm­ente os de frota, podem agora escolher o trabalho que lhes der maior renda.”

O resultado da Furg é semelhante ao de pesquisa da Universida­de de Oxford, que avaliou a entrada da Uber nas 50 maiores cidades dos Esta-

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