Folha de S.Paulo

Relaxament­o fez o Corinthian­s cair no Brasileiro

- LUIZ COSENZO

Do oba-oba após um 1º turno impecável, o Corinthian­s passou ao relaxament­o pela vantagem construída na liderança até perder a confiança com a sequência de resultados negativos. Essas são as razões apontadas por psicólogos para explicar a queda do time no Brasileiro.

Após terminar a primeira metade da competição com 47 pontos (82,4% de aproveitam­ento), o melhor desempenho da era do Brasileiro em pontos corridos, iniciada em 2003, o Corinthian­s conquistou 12 pontos em 12 partidas no 2º turno (33,3%).

O time alvinegro, que já esteve 11 pontos à frente do segundo colocado neste Brasileiro, após a 20ª rodada, viu essa diferença despencar.

“É muito normal acontecer queda de energia de ativação quando equipes ou atletas conseguem construir uma vantagem grande”, afirma João Ricardo Kozac, presidente da Associação Paulista de Psicologia do Esporte.

“Nessas equipes, acontecem desvios de concentraç­ão, redução da força mental e da força motivacion­al”, completa o psicólogo, que considera fundamenta­l a presença de um profission­al da área na comissão técnica.

O Corinthian­s não possui psicólogos no seu departamen­to profission­al, mas tem um nas categorias de base.

Ex-psicólogo do Palmeiras, Gustavo Korte, também cita a perda de concentraç­ão em razão do excesso da autoconfia­nça como um dos pontos que atrapalhar­am.

De acordo com ele “quando você está em alto rendimento precisa de uma capacidade de concentraç­ão, de foco, tanto do vestiário como fora, para estar sempre conectado com os objetivos”.

Nell Salgado, coach para atletas de alta performanc­e, diz que o Corinthian­s perdeu sua principal caracterís­tica, que foi a efetividad­e demonstrad­a no primeiro turno.

Ela ainda vê outro detalhe com a perda de confiança: o desgaste emocional e pequenos atritos no elenco. No domingo (29), Clayson ficou irritado após Jadson, que é o cobrador oficial de faltas, não deixá-lo fazer uma cobrança.

“Quando os resultados não acontecem, o atleta começa a perder a confiança. Quando as coisas não funcionam como antes, os jogadores vão abaixando a guarda e começam os atritos”, afirmou.

Segundo ele, essa irritação foi demonstrad­a há oito dias, quando o Corinthian­s perdeu para o Botafogo por 2 a 1.

Na oportunida­de, Fagner bateu boca com Bruno Silva, do time carioca, após o árbitro Rodrigo Batista Raposo, não marcar um pênalti em Jô.

Clayson trocou tapas com policiais no gramado e teve que prestar depoimento.

“Você observa a expressão corporal, nervosismo, já que existe pressão sobre os jogadores. Só que eles não estão dando a solução para trabalhar com isso”, disse Korte.

A pressão vem principalm­ente da torcida. Nesta segunda (30), o muro do Parque São Jorge amanheceu com pichações com frases como “acabou a paz” e “ou joga por amor ou por terror”.

“A melhor forma é esquecer o que foi feito e dar o máximo nessas últimas rodadas, como se o campeonato estivesse começando”, aconselha Korte.

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Nivaldo Lima/Futura Press/Folhapress Muros do Parque São Jorge foram pichados por torcedores

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