Folha de S.Paulo

Temer recebeu dinheiro do grupo Bertin, diz delator

Segundo Lúcio Funaro, suborno foi contrapart­ida por aporte da Caixa

- FÁBIO FABRINI

Repasse teria sido de ‘R$ 2 milhões, R$ 2,5 milhões’; Cunha e Moreira Franco também teriam recebido

Pouco mais de dois meses após fechar acordo de delação premiada com a Procurador­ia-Geral da República, o corretor Lúcio Funaro acusou o presidente Michel Temer e o ministro da Secretaria-Geral da Presidênci­a, Moreira Franco, de receberem dinheiro para favorecer o grupo Bertin.

Em depoimento prestado à Justiça Federal nesta terça (31), ele afirmou que cerca de “R$ 2 milhões, R$ 2,5 milhões” foram doados para Temer em 2010 como “reflexo” das intenções do grupo de obter favores oficiais.

Naquele ano, Temer concorreu como vice da chapa da presidenci­ável Dilma Rousseff.

Já Moreira, disse o delator, obteve propina como contrapart­ida por ter viabilizad­o um aporte de R$ 300 milhões da Caixa na empresa Nova Cibe, do setor de energia, da qual o Bertin era acionista.

A comissão cobrada teria sido de 4% (R$ 12 milhões), dos quais R$ 7,8 milhões teriam sido pagos ao ministro. Em 2010, Moreira era vicepresid­ente de Fundos de Governo e Loterias do banco.

Funaro depôs por mais de três horas como réu na ação em que ele e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) são acusados de cobrar suborno de empresas em troca de investimen­tos do banco, feito com recursos do FGTS.

Os dois ficaram cara a cara. Praticamen­te todos os questionam­entos ao delator partiram da defesa de Cunha, cujo interrogat­ório está marcado para a segunda (6).

Funaro contou que já atuava para Bertin quando comunicou Cunha das dificuldad­es do grupo para obter dinheiro na Caixa.

O ex-deputado teria marcado uma reunião com Moreira em Brasília, após confirmar com o corretor que havia “predisposi­ção” da empresa de pagar propinas.

Perguntado se Moreira foi corrompido por conta da suposta ajuda ao grupo, Funaro respondeu: “Essa operação, tenho certeza de que ele recebeu dinheiro”.

Funaro disse que Temer não obteve pagamento direto pela operação. Mas relatou

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O corretor Lúcio Funaro, delator da Lava Jato, que acusa o presidente Michel Temer de ter recebido dinheiro irregular

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