Folha de S.Paulo

Quando falei a verdade, fui preso, afirma lobista

Ricardo Saud, que teve delação suspensa, decidiu ficar em silêncio ao depor a CPI

- CAMILA MATTOSO

O lobista e delator Ricardo Saud disse em sessão da CPI da JBS que a primeira vez que “sentou para falar a verdade” foi preso.

Convocado pela comissão, ele disse logo no início do seu depoimento que se manteria em silêncio, alegando que seu acordo de delação está suspenso. Afirmou ainda que terá muito a dizer se seu acordo for revalidado.

Mesmo avisando que ficaria calado, Saud teve de acompanhar o restante da sessão. Depois de duas horas, ligou seu microfone para responder a integrante­s da CPI que argumentav­am ser importante seu depoimento.

“Eu quero ajudar o país, mas a primeira vez que eu sentei para falar a verdade eu fui preso. Já pensou se eu continuar falando? Então eu vou ficar calado”, disse o lobista da JBS.

Saud está no presídio da Papuda (DF) desde o início de setembro, suspeito de ter mentido e omitido informaçõe­s na delação.

À época, Rodrigo Janot levantou a desconfian­ça de que o ex-procurador Marcello Miller havia atuado na defesa da JBS quando ainda atuava no Ministério Público Federal.

Saud foi preso após prestar depoimento na Procurador­ia-Geral da República em que deu esclarecim­entos sobre o processo da delação e admitiu a participaç­ão de Miller. “Eu queria, não frustrando vossasexce­lências,lembrarque meu acordo está cautelado [na Justiça], e vou permanecer calado segundo meu direito constituci­onal”, afirmou Saud.

Os acordos de delação do executivo e de Joesley Batista, dono da JBS, foram suspensos após vir à tona uma gravação que levantou a suspeita de atuação do ex-procurador Marcello Miller no processo de colaboraçã­o.

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Pedro Ladeira/Folhapress O ex-diretor da JBS e delator Ricardo Saud em depoimento

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