Procurador da Lava Jato defende mudança em lei anticorrupção
DE SÃO PAULO - Em seminário sobre o combate à corrupção realizado na tarde desta terça-feira (31) em São Paulo pelo Insper, o procurador da Lava Jato Carlos Fernando dos Santos Lima defendeu mudanças na lei de 2013 que trata do tema.
Para o procurador, é preciso esclarecer a que instituição cabe celebrar acordos de leniência com empresas envolvidas em corrupção. “A lógica do sistema exige que o Ministério Público participe”, afirmou.
“A lei precisa mudar, reiterar alguns princípios e agregar punições a um único acordo, de modo a dar segurança às empresas e efetividade ao Ministério Público.”
Ele também se mostrou contrário a tentativas de impedir que presos firmem acordos de colaboração com a Justiça.“Proibir alguém de fazer acordo é restringir o direito de defesa.”
O seminário “Ética, Mídia e Transparência” também comentou o papel da mídia no combate à corrupção.
A mesa reuniu os jornalistas Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha, e Diego Escosteguy, editor-chefe da revista “Época”, além do professor do Insper Fernando Schüler.
Eles ressaltaram que a Lava Jato acarretou muitos desafios para o jornalismo, pelo volume sem precedentes de fatos escusos envolvendo altas somas de dinheiro e algumas das figuras mais poderosas da política e do mundo empresarial.
“A imprensa tem esse papel de fiscalizar o poder. Uma função simples e muito nobre. Mas estamos no caminho certo?”, questionou Escosteguy.
Para Dávila, diante de tal avalanche de denúncias, cresce a importância de o jornalismo profissional ouvir o que todos os lados têm a dizer.
“Muitas pessoas acusadas ao longo da operação depois são inocentadas ou têm seu processo arquivado, sem que esse desfecho ganhe destaque.”